Douglas Brizzante
Em uma pequena cidade onde as casas pareciam sussurrar histórias com suas paredes de madeira, vivia uma idosa chamada Dona Elisa.
Em sua juventude, ela tinha sido a melhor escritora de cartas do lugar, conhecida por sua letra elegante e palavras que dançavam no papel como folhas ao vento.
Todas as tardes, Dona Elisa sentava-se em sua cadeira de balanço favorita, em frente à janela que dava para o jardim, e tirava sua caneta e tinteiro.
Ao lado dele, havia sempre um monte de papel com bordas douradas, pronto para ganhar vida.
Mas já não escrevia cartas; em vez disso, lia as que tinha guardado durante anos, cartas de amor, amizade e sonhos compartilhados.
Um dia, sua neta Sofia encontrou-a imersa na leitura de uma carta amarelada. “O que está fazendo, avó? ” perguntou a pequena, curiosamente.
Dona Elisa sorriu e, com um olhar cheio de saudade, disse-lhe: "Estou visitando velhos amigos e tempos passados através destas cartas."
Sofia chegou perto e juntas começaram a ler.
Cada carta era uma janela para um mundo esquecido, onde as palavras demoravam dias a chegar e cada frase estava impregnada de emoção e cuidado.
A menina ficou fascinada com as histórias de amizades eternas e amores que desafiavam a distância.
“Vovó, por que você não escreve mais?" perguntou Sofia.
Dona Elisa suspirou e acariciou uma carta. "As pessoas não tiram mais tempo para escrever como antes. Agora tudo é instantâneo e fugaz."
Nessa noite, Sofia pegou uma folha de papel e, com a melhor imitação da caligrafia da sua avó, escreveu uma carta para Dona Elisa.
No dia seguinte, deixou-a na caixa de correio da casa.
Quando Dona Elisa a encontrou, seus olhos brilharam com lágrimas de alegria.
A carta de Sofia dizia: "Para que você nunca esqueça que suas cartas ainda podem viajar, não apenas pelo tempo, mas também pelo coração."
Desde aquele dia, Dona Elisa voltou a escrever, ensinando a Sofia a arte perdida das cartas no papel.
Juntas, reviveram a magia das palavras escritas à mão, conectando o passado ao presente, uma letra de cada vez.
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