domingo, 30 de novembro de 2025

Advogado do milionário


Fabulasreais

Foge no meio do julgamento,,, Mas a faxineira assume o lugar e cala todos...

O silêncio que tomou conta da sala sete do Tribunal de Santa Aurélia parecia ter peso. 

Quando o advogado sumiu por aquela porta, tropeçando na própria gravata, deixando o milionário Augusto Teixeira sozinho diante do juiz, ninguém acreditou no que tinha acabado de acontecer. 

Mas foi quando o magistrado anunciou que o réu teria apenas cinco minutos para apresentar outro defensor que a porta do fundo se abriu devagar, e a figura mais improvável cruzou o batente: 

Lia Andrade, a faxineira do tribunal.

Uniforme azul, sapatos gastos, luvas ainda úmidas de desinfetante. Ela parou no centro da sala, o esfregão encostado na parede, e ergueu a voz que ninguém ali jamais tinha ouvido com firmeza:

— Excelência… eu assumo a defesa.

O riso coletivo veio como uma onda, cruel, debochado. Augusto levou a mão ao rosto, sem acreditar que estava sendo humilhado daquela forma. 

Mas Lia não recuou. Olhou direto para o juiz com a mesma segurança que usava para enfrentar a vida desde menina. 

Ela conhecia aquele tribunal por dentro e por fora. Sabia onde cada processo dormia esquecido, sabia o nome de cada vítima e cada carrasco. E, mais que isso, carregava três anos de faculdade interrompida — três anos que nunca deixou morrer, estudando escondida nos intervalos, lendo os autos abandonados como quem devora a chance de um futuro que a vida tentou arrancar dela.

O juiz pediu silêncio. Mandou que Lia se aproximasse.

— A senhora entende a gravidade disso? — perguntou ele.

— Entendo, excelência. E entendo também que nenhum cidadão merece ficar sem defesa. Nem mesmo ele.
Augusto ergueu o olhar. Era a primeira vez que realmente enxergava aquela mulher.

O juiz respirou fundo, analisou o caos que tinha nas mãos e, diante da impossibilidade de prosseguir sem defensor, autorizou o impossível:

— A senhora terá dez minutos para revisar o processo. Depois, prosseguiremos.

Lia se sentou na cadeira da defesa. Os fotógrafos se aproximaram como abutres. Ela abriu a primeira pasta. Depois a segunda. Em cinco minutos já tinha encontrado o que o advogado de Augusto — pago a preço de ouro — ignorou. Uma linha fora do lugar, uma data impossível, uma assinatura incompatível. Eram falhas pequenas, mas suficientes para desmontar a história que a promotoria apresentava como perfeita.

Quando levantou, a sala inteira prendeu o ar.

Suas perguntas foram diretas, cortantes. A promotora tentou interromper três vezes, mas o juiz mandou que ela se calasse. Em poucos minutos, Lia mostrou que os documentos usados para acusar Augusto não tinham cadeia de custódia válida, que uma das testemunhas havia mentido sobre o horário em que viu o réu e que um laudo técnico fora alterado após ser emitido. Cada palavra dela caía na sala como marteladas de verdade.

Quando terminou, até o júri estava em silêncio absoluto.

O juiz ajustou os óculos, encarou a promotoria e disse:

— Diante das inconsistências apontadas… não há base suficiente para condenação.

O tribunal explodiu. Augusto chorou. E Lia, com as mãos ainda cheirando a desinfetante, apenas recolheu o esfregão e saiu em silêncio, deixando atrás de si o tribunal que acabara de virar de ponta-cabeça.

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