quinta-feira, 29 de agosto de 2013

O filme Amor Por Contrato

Comédia

As aparências enganam

Demi Moore e David Duchovny formam um casal perfeito demais em Amor por Contrato, uma crítica à sociedade de consumo A família Jones acaba de se mudar para uma linda mansão. A equipe de mudança deixou tudo no lugar: móveis, roupas no armário e até geladeira recheada. Tudo parece ir muito bem na rotina dos personagens de Demi Moore e Davi Duchovny, que são pais de um belo casal de jovens. Lindos, populares, unidos e sempre sorridentes, eles vivem no luxo. Possuem o carro do ano, a nova coleção de roupas e acessórios de grife, toda a sorte de traquinagens eletrônicas e se alimentam com guloseimas da alta culinária. E fazem questão de demonstrar essa vida feliz para os novos e abastados  vizinhos, que logo desejam ser como eles. Como o título Amor por Contrato indica, tem algo errado nessa equação. A cortina não demora a cair. O clã é, na verdade, uma unidade de marketing. A relação entre eles é comercial. A função de cada um nesse núcleo é estimular a venda de determinados produtos, daí o constante "desfile" das últimas novidades do mercado.

Viver uma farsa diariamente não é tarefa simples e a trama explora como a crise de consciência de um e a vida dupla de outro colocam a operação em risco. A crítica ao consumo desenfreado vem em boa hora, embalada pela crise econômica mundial, e o enredo toma contornos dramáticos na medida em que um casal de amigos perde o controle dos gastos. Linda aos 48 anos, Demi Moore esbanja charme e carisma para segurar as pontas de um elenco apático, que não encontra o tom entre a comédia e o drama. O canastrão Duchovny se dá bem melhor como astro de tevê, em séries como Arquivo X e Californication. Já o diretor e roteirista alemão Derrick Borte vem do ramo da publicidade, mas é cineasta estreante e parte de uma premissa instigante para, do meio para o fim, se render ao moralismo barato.

Suzana Uchôa Itiberê.

Publicado na revista IstoÉGente
27.12.2010

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