quinta-feira, 21 de março de 2024

Corsage-Espírito Inquieto


Elisabeth Amalie Eugenie da Baviera

Corsage" (Foto: Divulgação)

Vicky Krieps

Elisabeth Amalie Eugenie da Baviera
Corsage" (Foto: Divulgação)

Carlos Alberto Mattos
Crítico, curador e pesquisador de cinema. Publica também no blog carmattos
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Cinema: Uma mulher e uma obra sufocadas por um corpete

Esqueçam a Sissi de Romy Schneider.

Em “Corsage”, a imperadora completa 40 anos e sente a idade pesar sobre sua aparência sempre irretocável
15 de fevereiro de 2024, 10:33 h

Elisabeth Amalie Eugenie da Baviera

A figura da duquesa Elisabeth Amalie Eugenie da Baviera, Imperadora da Áustria e Rainha da Hungria, popularizou-se no cinema com o rosto de Romy Schneider na trilogia Sissi.

Aquilo era uma caixa de bombons que edulcorava a imagem da imperatriz para consumo de massas.

É bem diferente a proposta de Corsage, que se concentra nos anos de 1877 e 1878, quando Elisabeth completa 40 anos e sente a idade pesar sobre sua aparência sempre irretocável.

A beleza e o corpo esguio haviam se tornado sua marca.

Por isso lhe doem as observações alheias sobre sua idade e uma eventual perda nos seus encantos. No aniversário, o canto da festa exige: "Que permaneça bela".

Uma dicotomia curiosa a afeta.

Por um lado, preocupa-se demasiadamente com a compleição física, para isso se esfalfando em exercícios, alimentando-se frugalmente, aplicando-se heroína e exigindo que as criadas lhe apertem o corpete (corsage) até o formato da ampulheta.

Por outro, incomoda-se com o papel decorativo que a corte lhe reserva no Império Austro-Húngaro.

Daí a irritação, as ironias, as risadas nervosas e as irreverências do seu comportamento, sobretudo na presença do marido, o Kaiser Franz Joseph.

E também as constantes viagens para encontrar-se com o primo Ludwig da Baviera, o conde húngaro Gyula Andrássy ou o instrutor de equitação escocês Bay Middleton, o que fornece motivo para fofocas na corte.

A Sissi criada pela diretora e roteirista Marie Kreutzer seria uma feminista avant la lettre, talvez inspirada menos em fatos da época do que em liberdades contemporâneas.

Em chave semelhante à Maria Antonieta de Sofia Coppola, embora mais discreta, a Elisabeth de Corsage está deslocada do seu tempo.

Assim também estão as canções encravadas no filme, inclusive As Tears Go By, dos Rolling Stones, cantada "ao vivo" em 1878.

As licenças dramáticas alcançam, pelo menos, um dado crucial da biografia.

Elisabeth morreu esfaqueada por um militante anarquista na Itália, e não da forma grandiloquente como se vê na sequência final.

Não sei se a imperatriz foi realmente filmada nos primórdios do cinema, como consta no filme.

Recentemente, houve um revival da personagem em dois filmes, duas séries (uma delas da Netflix) e um romance.

Corsage, o item mais famoso dessa nova Sissi-mania, tem um desempenho intenso de Vicky Krieps, uma bela direção de arte e, como não poderia deixar de ser, figurinos marcantes.

Não obstante, é um filme frio, às vezes elíptico demais e formalmente rígido. Como se respirasse sufocado por um corpete.

>> Corsage está nas plataformas Globoplay e Telecine.

Brasil147.com

A vida torturada e a morte nas mãos anarquista da imperatriz  Isabel  de Baviera.

Ela sofreu com um distúrbio alimentar, o suicídio de um filho, e no fim de tudo, foi esfaqueada - mas não percebeu, e morreu sem nem saber o que tinha acontecido

Pintura retratando Isabel da Baviera, rainha da Áustria. - Wikimedia Commons

Isabel Amália Eugênia da Baviera, mais conhecida pelo seu apelido de infância de “Sisi”, foi Imperatriz da Áystria  e Rainha da Hungria. 

A vida pública cheia de percalços da jovem nobre começou aos 16 anos, quando se casou com Francisco José da Áustria (antes dela se unir com a Hungria), que era nada menos que o monarca do maior império europeu.

Esse casamento que tornaria Sisi uma importante imperatriz, contudo, não foi encarado exatamente como um sonho se tornando realidade pela moça. 

Segundo conta o livro “ The Reluctant Empresass (ou “A Imperatriz Relutante”, em tradução livre), de Brigitte Hamann, a então adolescente teria chorado na carruagem durante a viagem para o palácio onde viveria com o futuro marido, e passou a cerimônia matrimonial inteira tremendo.

E, embora não seja possível saber os pensamentos que passavam pela cabeça da jovem naquele exato momento, mais tarde em sua vida a imperatriz diria e escreveria frases sobre se sentir aprisionada e insatisfeita com sua vida.

Fera da Penha : O crime brutal Fera  da Penha: o crime que abalou o BrasilSissi no dia de sua coroação como imperatriz.
Crédito:Wikimedia Commons.

Passado

Isabel de Baviera foi criada por um pai excêntrico: o duque Maximilian Joseph era um pacifista e defensor dos ideais democráticos progressistas, posicionamentos que não eram facilmente encontrados entre a realeza do período.

A mãe da jovem, por sua vez, a princesa Ludovica, gostava de privacidade, preferindo se manter afastada dos deveres públicos, características que também se tornaram evidentes na nobre após seu casamento com Francisco José.

A imperatriz da Áustria e a beleza

Sisi era obcecada por sua aparência, passando até três horas por dia no cabeleireiro para manter o seu cabelo - que ia até os tornozelos - bem arrumado, além de outra hora para apertar sua cintura até que alcançasse a circunferência de 50 centímetros pelos quais a teria inclusive se tornado famosa.

 
Pintura retratando Sisi. Crédito: Wikimedia Commons.

E se a obsessão da imperatriz da Áustria com ideais de beleza já não parecesse pouco saudável só com a descrição dessa rotina matinal, é preciso dizer ainda que Isabel, embora não pudesse ser diagnosticada durante sua época, provavelmente sofria com um distúrbio alimentar.

Durante certa épocas de sua vida, ela teria se alimentado principalmente de sopas de caldo ralo, e em seus últimos anos sua dieta consistiria somente de leite cru (retirado de sua vaca), laranjas e ovos.

Além da alimentação escassa, Sisi também usava horas e horas de seus dias se dedicando a exercícios físicos intensos.

Ela passava quase todo o seu tempo em aulas de esgrima, caminhadas em ritmo acelerado, passeios a cavalo e exercícios adaptados de números de circo.
 
Curiosamente, não é incomum ouvir pessoas que já sofreram com anorexia explicando como o distúrbio se torna uma forma de tomar o controle de sua vida, algo que a imperatriz da Áustria não parecia ter a julgar por suas poesias, expostas no “The Reluctant Empress”, em que clama por liberdade.

Saúde mental em declínio

Em seus primeiros anos na corte, as variedade de etiquetas que precisava seguir acabaram tornando Sisi isolada e solitária, o que se não causou a constante melancolia atribuída à nobre, também não a aliviou.

Sisi já também com o título de Rainha da Hungria. 
Crédito: Wikimedia Commons

Já muito mais tarde em sua vida, durante a década de 1880, quando a imperatriz já tinha dois filhos, o herdeiro Rudolf e a arquiduquesa Gisela (um terceiro rebento não teria sobrevivido à infância), Isabel falava constantemente em suicídio, alarmando aqueles que conviviam com ela.

O suicídio levado a cabo por seu filho herdeiro juntamente à namorada não ajudou no estado de saúde mental de Sisi. “A bala de Rudolf matou minha fé”, teria dito ela à sua dama de companhia, segundo apurado pela historiadora Brigitte Hamann.

Morte por um anarquista

A imperatriz da Áustria viajou sempre que teve a oportunidade para a Hungria, Grécia, Inglaterra, Irlanda e Suíça.

“Quero estar sempre em movimento”, escreveu, de acordo com Hamann.

“Cada navio que vejo navegando me enche do maior desejo de estar nele.”

Fotografia de Sisi cavalgando com marido. 
Crédito: Wikimedia Commons

Foi em uma dessas viagens que Sisi alcançou seu fim, em Genebra, na Suí a.

Embora usasse um nome falso, foi reconhecida pelo anarquista italiano Luigi Lucheni. Naquele período, estava se tornando muito comum o assassinato de figuras que estavam à frente de regimes pelo movimento anarquista, como forma de protesto violento.

Embora Luigi estivesse na Suíça para tirar a vida do príncipe Henri de Orléans, contudo a visita do nobre à Suíça foi cancelada, coincidentemente ao mesmo tempo em que vazou a informação da presença da imperatriz no país, o que levou o anarquista a mudar seu alvo.

Ele esfaqueou Sisi no peito quando ela estava prestes a entrar em um navio. 

A nobre prosseguiu com o embarque normalmente, tendo aparentemente pensado que levou um soco somente. nterna, não tendo conseguido resistir até a chegada de médicos.

Em suas próprias palavras, a mulher descreveu sua vida em seus escritos da seguinte forma: 

“Eu amei, vivi, vaguei pelo mundo. 

Mas nunca alcancei aquilo pelo qual buscava”.



Vicky Krieps
Pesonagem: Elizabeth



Florian Teichtmeister
Personagem: Rmperor Franz Joseph


Katharin Lorenz 
Personagem: Marie Festetics


Manuel Rubey
Personagem: Ludwig II, King of Bavaria


Corsage é um filme dirigido por Marie Kreutzer com Vicky Krieps, Florian Teichtmeister. Sinopse: Em Corsage, a Imperatriz Elizabeth da Áustria é idolatrada.

Adoro Cinema.com.br

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