sábado, 3 de agosto de 2024

O Casamento do Meu Melhor Amigo



Helena Oliveira

“O Casamento do Meu Melhor Amigo” é uma das últimas comédias românticas inteligentes do cinema.

Dirigido por P.J. Hogan e com roteiro de Ronald Bass, o filme reflete um carinho especial pela Era de Ouro de Hollywood e uma leveza em lidar com temas delicados, sem medo de provocar controvérsias. A trama aborda não apenas uma história de amor, mas também reflexões filosóficas sutis sobre a fugacidade da vida, a importância de escolhas certeiras e a passagem implacável do tempo. Embora esses elementos possam parecer austeros, eles são apresentados de forma leve, como um bombom elegante que esconde um sabor agridoce.

Julianne Potter e Michael O’Neal foram mais que amigos próximos, mas a carreira sempre foi a prioridade dela. Em vez de seguir seu coração, Julianne propôs um pacto impulsivo: se ambos estivessem solteiros aos 28 anos, se casariam. A obsessão de Julianne pelo sucesso profissional foi recompensada com uma carreira respeitada como crítica gastronômica em Nova York, mas ela nunca esqueceu a promessa feita a Michael, apesar da distância de quase uma década e da falta de contato.

Aos 28 anos, Julianne recebe um telefonema inesperado de Michael. No entanto, ele não está propondo casamento, mas anunciando que se casará em três dias com uma jovem estudante da Universidade de Chicago, filha de um poderoso empresário do beisebol e de uma rede de TV a cabo. A notícia atinge Julianne como um golpe, colocando-a em uma situação complexa e emocionalmente carregada.

Julia Roberts e Dermot Mulroney compartilham o protagonismo inicial, mas é Cameron Diaz, no papel da noiva Kimberly Wallace, quem rapidamente conquista o público. Kimberly não se encaixa no clichê da patricinha, apesar de seu visual glamouroso. Sua pureza e inocência destacam-se em contraste com as personalidades mais complexas de Julianne e Michael.

Hogan aproveita ao máximo o roteiro de Bass para despir Julianne de qualquer fachada de boa moça, auxiliada pelo charmoso e refinado amigo gay George Downes, interpretado por Rupert Everett. A partir desse ponto, Julianne revela seu lado mais competitivo e determinado, direcionando sua energia para sabotar o casamento iminente, enquanto Kimberly, sem perceber a real intenção da nova amiga, enfrenta essa situação com uma graça quase angelical.

“O Casamento do Meu Melhor Amigo” finaliza de uma maneira que muitas comédias românticas tradicionais não ousariam atualmente. 

A história não segue o caminho óbvio de reunir Julianne e Michael, mas, em vez disso, permite que Kimberly e Michael sigam juntos, sugerindo uma crítica aos valores contemporâneos e uma saudade de tempos em que finais felizes não precisavam ser previsíveis.

Direção: P.J. Hogan
Ano: 1997
Gêneros: Comédia/Romance
Nota: 9/10

Revista Bula .com

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