Chico - Cartas de Paz e Consolação
Dona Elvira tem 99 anos
Isso mesmo. Quase um século de vida bordado em rugas, sorrisos, perdas e coragem.
Sozinha em uma casinha de madeira no interior de Minas, com uma aposentadoria que mal cobre o básico, ela nunca deixou faltar o essencial:
fé, amor… e crochê.
Com mãos marcadas pelo tempo, ela transforma restos de linha em roupinhas que mais parecem abraços.
Vestidinhos, casaquinhos, sapatinhos... Tudo feito com um cuidado que só o coração sabe costurar.
Na porta da casa, um papelão simples avisa:
“Vende-se roupinhas de bebê feitas com carinho.”
E é isso mesmo:
Carinho.
O que move Dona Elvira não é só a linha — é a esperança.
Num inverno duro, com o aluguel atrasado e sem saber como seguir, ela pegou o último novelo verde-musgo e fez um vestido. Um vestido especial, cheio de flores no barrado e um lacinho atrás.
A neta postou a foto em um grupo no Facebook:
“Crochê com Amor.”
O que veio depois? Um milagre costurado em solidariedade.
O post viralizou.
Gente do Brasil inteiro se emocionou.
Vieram encomendas, doações, e até uma empresária de São Paulo pediu 50 vestidos para revender.
Dona Elvira pagou as dívidas, reformou a casa e ganhou algo que nenhum dinheiro compra: uma rede de apoio.
Hoje, seu armário está cheio de novelos coloridos.
Suas peças têm etiquetas personalizadas.
E sua história, meu Deus… sua história aquece o mundo como um cobertor feito à mão.
Quando perguntam de onde vem tanta força, ela responde baixinho:
“A vida me deu linhas tortas… mas eu aprendi a fazer delas meu vestido de fé.”
Essa é Dona Elvira.
Uma senhora de quase 100 anos que, com agulha, linha e coração, nos ensinou que nunca é tarde demais para recomeçar — e fazer da sua dor, um ponto de amor.

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