quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Heron Cid - Fernanda Ellen

A mãe e a casa de Fernanda Ellen
Fernanda Ellen

Daqui a um tempo os exames periciais vão sair, as dúvidas serão esclarecidas, Jéferson será condenado e, sufocada pelas novas tragédias do cotidiano, a opinião pública fará do caso da menina Fernanda Ellen mais uma fria estatística das barbaridades cometidas por assassinos frios contra inocentes indefesas.

É a lei da vida que segue em frente pra todos nós que ao longe testemunhamos, também com nosso pesar particular, episódios chocantes como esse que abreviou a vida de uma estudante no melhor da sua existência: a infância de sonhos, fantasias, utopias e ideais meigos de futuro.

Pra nós, tudo vai passar em breve. Pra família, a dor não tem fim. No máximo, pode ser confortada com o tempo. Mas o tempo, daqui pra frente, nunca será mais o mesmo. Nunca mais correrá no mesmo compasso. A batida do relógio não mais anunciará o retorno de Fernanda da escola.

Fábio Cabral, o caminhoneiro pai da menina, nunca mais voltará pra casa com aquela expectativa pelo abraço tão terno, tão verdadeiro, tão esperado. Dona Elisângela Miranda, a mãe, reviverá no retrovisor o aprendizado do andar, o primeiro dente, a primeira palavra. Nada e ninguém restituirão o pedaço arrancado do seu coração.

Fernanda viverá na memória, todo tempo, toda hora. O trágico fim, obra de mãos insanas e cruéis, não é, por incrível que pareça, o que mais vai doer no peito fulminado desses pais. A dor que mais dói é a morte do que se estrava pro viver. Não haverá mais aniversário, festa de 15 anos, formatura, primeiro emprego, casamento... Jéferson também enterrou todos esses sonhos.


Heron Cid



Jornalista e Repórter Político da Rede Correio SAT de Rádio,do programa Correio Debate e da Rádio CBN João Pessoa.
Publicado no jornal Correio da Paraíba
Caderno Política
Edição de 10/04/2013 

Foto:  Nalva Figueiredo/Thiago Casoni/ Mano de Carvalho

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