Fernanda Ellen
Os registros históricos mostram que a violência sempre acompanhou o homem. Antes, era a luta pela sobrevivência, que levava a disputa de poder e suas consequências. Atualmente suas raízes estão mais superficiais, embora a gravidade se mantenha.
Dois casos, um na Paraíba e o outro em São Paulo, são exemplos de um horror que cresce exponencialmente, sem nenhum tipo de controle à vista: o crack. O homem que já matou para viver, agora comete atrocidades e indignidades para se alienar, para fugir da realidade pelas drogas.
Enquanto na Paraíba um vizinho matou Fernanda Ellen porque queria dinheiro para comprar droga, em Tanabi, São Paulo, Gleidson Pedro Martins entregou a filha de apenas 5 anos para ser usada por traficante a quem devia R$ 30. Essa foi salva pela mãe, que interrompeu o ataque.
Para onde caminhamos?
A dor da família de Fernanda Ellen, que hoje é de todos os paraibanos, tem que produzir mais do que lágrimas e manifestações de solidariedade. A força da indignação tem que provocar uma ampla reflexão sobre as causas e as consequências dessa epidemia que precisa ser interrompida.
Esse drama não é exclusivo da Paraíba e nem é apenas caso de Polícia.A busca de alienação cresce em todo o Brasil, em todas as classes sociais e tem origem principalmente na insatisfação e no vazio da alma sem valores, na desvalorização da família, no estímulo ao consumismo desenfreado. Sobram propagandas sobre produtos luxuosos, mas não sobre o prazer de vencer na vida pelo seu próprio esforço.
Quando o valor do trabalho e da honestidade não é conhecido, o caminho mais curto sempre será a opção. E a tudo isso ainda poderemos somar os maus exemplos dos que têm poder de influenciar a sociedade. Como convencer um jovem a lutar pelo que quer, a valorizar o conhecimento, se a esperteza tem levado tantos ao sucesso? E quando a realidade não agrada, a fuga pelas drogas, cada vez mais fáceis e baratas, vira caminho natural.
Enquanto a nação não assumir uma posição firme contra o negócio das drogas, a violência só crescerá. E ninguém está livre de encontrar um drogado na esquina, como Fernanda Ellen, e virar mais um nas estatísticas policiais. Que o seu caso nos ensino a reagir.
Lena Guimarães
Jornalista, com formação em Direito, pós-graduada em Marketing e em Finanças, colunista política.
Publicado no jornal Correio da Paraíba
Política
10/04/2013
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