Frevo mulher
caminhando e cantando
Fascinação
Marchetti/A.Lozzada
Os sonhos mais lindos ,sonhei
De quimeras mil um castelo ergui
E no teu olhar tonto de emoção
Com sofreguidão mil venturas provi.
O teu corpo é luz, sedução
Poema divino, cheio de explendor
Teu sorrido prende, inebria, entontece
É facinação, amor.
Força Estranha
Caetano Veloso
Eu vi um menino correndo
Eu vi o tempo
Brincando ao redor do caminho
Daquele menino
Eu pus os meus pés no rancho
E acho que nunca tirei
O sol ainda brilha na estrada
E eu nunca passei
Eu vi minha mulher preparando
Outra pessoa
O tempo parou para eu olhar
Pra aquela barriga
A vida é amiga da arte
É a parte que o sol ensinou
O sol que atravessa esta estrada
Que nunca passou
Por isso uma força
Me leva a cantar
Por isso essa força
Estranha no ar
Por isso é que eu canto
Não posso parar
Por isso essa voz tamanha
Eu vi muitos cabelos brancos
Na fronte do artista
O tempo não para e no entanto
Ele nunca envelhece
Aquele que conhece o jogo
Do fogo das coisas que são
É o sol, é o tempo, é a estrada
É o pé, e é o chão
Eu vi muitos homens brigando
Eu vi seus gritos
Estive no fundo de cada vontade encoberta
E a coisa mais certa de todas as coisas
Não vale um caminho sob o sol
Por isso uma força...
Felicidade
Lupicino Rodrigues
Felicidade foi se embora
E a saudade no meu peito ainda mora
E é por isso que eu gosto lá de fora
Onde sei que a falsidade não vigora.
A minha casa fica lá detrás do mundo,
Onde eu vou em um segundo,
Quando começo a pensar.
E o pensamento parece uma coisa à toa.
Mas, como é que a gente voa
Quando começa a cantar!
Festa do Interior
Morais Moreira
Fagulhas, pontas de agulhas
Brilham estrelas de São João
Babados, xotes e xaxados
Segura as pontas, meu coração.
Bombas na guerra, magia
Ninguém matava, ninguém morria.
Nas trincheiras da alegria
O que explodia era o amor.
Nas trincheiras da alegria
O que explodia era o amor.
Zé Ramalho
Quantos aqui ouvem
Os olhos eram de fé
Quantos elementos
Amam aquela mulher
Quantos homens eram inverno
Outros verão
Outonos caindo secos
No solo de minha mão
Gemeram entre cabeças
Aponta do esporão
A folha do não-me-toque
O medo da solidão
Enveneno meu companheiro
Desata no cantador
E desemboca no primeiro
Açude do meu amor
É quando o tempo sacode
A cabeleira
A trança toda vermelha
Um olho cego vagueia
Procurando por um
Foi Deus Quem Fez Você
Luiz Ramalho
Foi Deus quem fez o céu
O rancho das estrelas
Fez também o seresteiro
Para conversar com elas,
Fez a lua que prateia
Minha estrada de sorrisos!
E a serpente que expulsou
Mais de um milhão do paraíso!
Foi Deus quem fez você!
Foi Deus quem fez o amor,
Fez nascer a eternidade
O momento do carinho!
Fez até o anonimato
Dos afetos escondidos!
E a saudade
Dos amores que já foram destruidos!
Foi Deus!
Foi Deus quem fez o vento
Que sopra os teus cabelos
Foi Deus quem o orvalho
Que molha o teu olhar,
Teu olhar!
Foi Deus quem fez a noite
E o violão plangente
Foi Deus quem fez a gente
Somente para amar,
Só para amar!
Flor do Mamulengo
Luiz Fidelis
Eu sou a flor do mamulengo
Me apaixonei por um boneco
E ele neco de se apaixonar
Neco de se apaixonar
E ele neco.
Já estou com os nervos a flor do pano
De desengano vou ter um treco
E ele nada de se apaixonar
Neco de se apaixonar
E ele neco.
Se no teatro eu não te atar
Boneco eu juro vou me esfarrapar
Eu não consigo viver sem teu dengo
Meu mamulento.
Foi Um Rio Que Passou
Paulinho da Viola
Se um dia meu coração for consultado
Para saber se estou errado
Será difícil negar
Meu coração tem mania de amor
Amor não é fácil de achar
A marca dos meus desenganos ficou, ficou
Só o amor pode acabar
Porém, ah! porém
Há um caso diferente
Que marcou num breve tempo
Meu coração para sempre
Era dia de carnaval
Eu carregava uma tristeza
Não pensava em outro amor
Quando alguém que não me lembro
Anunciou Portela! portela!
Ah! Minha Portela
Quando vi você passar
Senti meu coração apressado
Todo meu corpo tomado
Minha alegria voltar
Não posso definir aquele azul
Não era do céu nem era do mar
Foi um rio que passou em minha vida
E meu coração se deixou levar.
Fanatismo
Fagner
(em poema de Florbela Espanca)
Minh'alma de sonhar-te anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver
Não és sequer a razão do meu viver
Posto que és já toda minha vida
Não vejo nada assim, enlouquecida
Passo no mundo, meu amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida
Tudo no mundo é frágil, tudo passa
Quando me dizem isto toda a graça
De uma boca divina cala em mim
O olhos postos em ti, digo de rastros
Podem voar mundo, morrer astros
Que tu és como um deus, princípio e fim
Eu já te falei de tudo
Mas tudo isto é pouco
Diante do que sinto.
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