terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Adoráveis Mocinhas


Enquanto as mulheres tocavam a vida entre os altos e baixos da existência e do comprimento das saias, o cinema acompanhava o rítmo. Às vezes, antecipando tendências. Outras tantas, retratando um novo comportamento. O fato é que, em cada década, imperou um tema, uma mudança e, sobretudo, uma nova maneira de se relacionar com as grandes questões femininas do século.
Anos 40

É a década dos homens nos filmes de guerra e também dos terrores do pré-macarthismo, mas as moças estão mais tentadoras que nunca. Surgem as "femmes fatales", como Ava Gardner e Rita Hayworth. Em A Costela de Adão (1949) Katharine Hepburn encanta multidões como sinônimo de coragem feminina, que não precisa de decote para aparecer.
Anos 50

Marilyn Monroe é criticada pelas mulheres, que vêem em Os Homens Preferem as Loiras (1953) um péssimo exemplo de mulher-objeto. Doris Day, por sua vez, convenceu mulheres de todo o mundo a ficar em casa agradando ao marido em O Homem que Sabia Demais (1956).
Anos 60

Com a revolução sexual, a mulher dá um passo importante rumo à independência. É a vez das charmosas e liberadas: Anounk Aimée em Um Homem, uma Mulher (1966) e o ícone Catherine Deneuve em A Bela da Tarde ( 1967).
Anos 70

Mulheres modernas entram em crise existencial, como Diane Keaton em Noiva Neurótica, Noiva Nervosa (1977). O divórcio ganha as telas em Uma Mulher Descasada, com Jill Clayburgh (1979), e no emblemático Kramer vs. Kramer (1979), em que Meryl Streep abandona marido e filho para encontrar sua identidade.
Anos 80

Conflitos familiares estão em alta, como em Laços de Ternura (1983). Nada é tão perturbador quanto a amante enlouquecida, enterpretada por Glenn Close em Atração Fatal (1987), duramente punida por tentar acabar com um casamento feliz.
Anos 90

A mulher sabe o que quer de sua vida sexual. Ela toma a iniciativa em filmes como Instinto Selvagem (1992), com Sharon Stone, e Assédio Sexual (1994). O road movie Thelma e Louise (1991) sugere que a independência feminina pode ter um final infeliz.
Anos 2000

A comédia italiana Pão e Tulipa (2000) mostra que a mulher atual ainda lida com velhas questões como infelicidade no amor, no trabalho e no sexo. O hilariante O Diário de Bridget Jones (2001), com Renée Zeltweger, faz um retrato pouco glamouroso, mas divertido, da mulher moderna: a trintona errante que busca incansavelmente uma relação estável.

Publicado na revista Veja Especial
Edição de agosto de 2002.
Seção História/Cinema.

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