segunda-feira, 7 de março de 2011

Monteiro Lobato - Ferro e Petróleo


 Monteiro Lobato
1882-1948
Alheio à política partidária, mas militante do livro por opção, Lobato correspondia-se com o recém-empossado Washington Luís, lembrando ao presidente "que não há cultura possível sem livro e livro barato, livro que penetre nas massas e lhes erga o nível mental", e cobrando dele uma posição forte na "guerra fiscal contra a cultura".Desse contato, surgiu o convite para que fosse o adido comercial brasileiro em Nova Iorque, onde encantou-se com o progresso dos Estados Unidos, principalmente com o pioneiro Henry Ford. Não era mais um brasileiro deslumbrado com o way of life americano, mas um profundo estudioso da forma como aquele país enriquecia-se com o ferro e o petróleo.

De volta ao Brasil, convicto de que "a riqueza da América é proveniente do aumento da eficiência do homem por meio da máquina" e de que "máquinas se fazem com ferro e é com petróleo que elas se movimentam", iniciou sua campanha "O petróleo é nosso".

Foram mais de cem cartas a Getúlio Vargas, chamando-o à responsabilidade sobre a questão do petróleo, sem sucesso.

Provando que era um homem de ação, fundou a sua Cia.Petróleo do Brasil, em 1931, e publicou em 1936 o livro O escândalo do petróleo - à parte escrevia livros infantis, como Geografia da Dona Benta, Histórias das Invenções e Memória de Emília.

O golpe militar de 1937 tira de circulação seus livros políticos, mas não impede que Lobato festeje uma vitória: conseguira provar à opinião pública que tínhamos petróleo, só precisávamos extraí-lo.

Passa um ano em Buenos Aires, onde é recebido como "Embaixador das crianças brasileiras", e funda a Editora Acteon.

Volta ao Brasil em 1948, e diz na sua última entrevista:" Meu cavalo está cansado e o cavaleiro tem muita curiosidade em verificar, pessoalmente, se a morte é vírgula ou ponto final".

Morre dois dias depois, na madrugada de 4 de julho, no mesmo dia da festa de independência dos Estados Unidos, país que aprendeu a admirar, deixando uma legião de órfãos.

O homem que previu o futuro

Idolatrado por uns contestado por outros , Monteiro Lobato ainda hoje chega a ser confundido com muitos de seus inúmeros personagens.






"Ele foi um profeta, que 30 anos antes, previu a fórmula do desenvolvimento sustentável a necessidade de preservar a Amazônia, a importância da educação e da literatura para o futuro do País, fundando a primeira editora de livros didáticos no Brasil, em 1921", revela Inez de Oliveira, que fundamentou sua pesquisa na biografia Vida e Obra de Monteiro Lobato, de Edgar Cavalheiro, amigo e herdeiro do arquivo pessoa do escritor.




José Bento Monteiro Lobato, o escritor de deliciosas histórias infantis, como A Menina do Narizinho Arrebitado, O Saci e O Marquês de Rabicó, não foi um homem fácil. Até hoje, há quem conteste ou não entenda as múltiplas facetas do fazendeiro de café, escritor, desenhista, pintor, pesquisador do babaçu, adido comercial do Brasil nos EUA, industrial e editor, segundo os críticos, a única atividade em que se deu bem.




A editora Monteiro Lobato & Cia, nasceu em 1919, fruto da ousadia e do espírito de busca de Lobato. Tudo começou com o célebre Urupês, que revelou ao País a figura do Jeca-Tatu.




"O país se faz com homens e com livros", dizia o homem que fazia o Brasil produzir livros, despachá-los aos quatro cantos e o mais importante: lê-los.




Parte do artigo publicado na revista Kalunga
Kalunga Comércio e Indústria Gráfica Ltda

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