sábado, 2 de abril de 2011

Qual A Origem Do Hábito De Fumar?



O livro "O Cigarro", de Mario Cesar Carvalho, conta a história do cigarro desde suas origens. Conforme Carvalho, o capelão da primeira expedição francesa ao Brasil, em 1556, já relatou seu uso entre os tupinambás. Daqui, o fumo o emigrou clandestinamente para Portugual e para a Espanha.

Fumar cigarro era raridade até o final do século 19. Em 1880, cerca de 58% dos usuários de tabaco eram mascadores de fumo, 38% fumavam charuto ou cachimbo, 3% cheiravam rapé e apenas 1% era fumante de cigarro.

Nesse ano, o americano James A.Bonsack inventou uma máquina capaz de enrolar 200 cigarros por minuto, o que criou condições para o aparecimento da indústria.

Então veio a distribuição de cigarros aos soldados nas trincheiras, durante a Primeira Guerra , e seu uso, que se achava restrito às camadas marginais das sociedades americana e européia, explodiu. Em 1990, o consumo anual americano era de cerca de 2 bilhões de cigarros; em 1930, chegou a 200 bilhões. As duas guerras mundiais, que afrouxaram a oposição ao cigarro, a urbanização acelerada, a criação do mercado de massa e a expansão do mercado de trabalho, criaram as condições para que a epidemia do fumo se espalhasse pelo mundo, envolta em glamour por Hollywood, como símbolo de modernidade.

O ponto alto do livro, no entanto, está no capítulo "Por que o Cigarro Conquistou o Mundo". Nele, o autor toca num ponto quase nunca lembrado, mas absolutamente fundamental para entender qualquer dependência química: o usuário sente prazer ao consumir a droga.

No caso da nicotina, esse prazer está ligado à sua interação imediata com receptores dos neurônios situados em áreas do cérebro associadas às sensações de prazer e de recompensa e à busca da repetição do estímulo que provocou o prazer. Se um cigarro for consumido em dez tragadas, o autor calcula, o cérebro do fumante de um maço por dia verá esse circuito repetir-se 73 mil vezes por ano.

E pergunta com lógica cristalina: que outra droga provoca 73 mil impactos de prazer num ano?

Nessa pergunta elementar está a resposta à dificuldade enfrentada pelos 80% ou mais dos que fracassam na atentativa de abandonar o cigarro.

Nela está a explicação de por que é mais difícil largar o cigarro do que do álcool, da maconha, da heroína, da morfina ou do crack.
Publicado no jornal O Norte.
O leitor Pergunta
Fotomontagem feita no Scrapee.net

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