sábado, 2 de setembro de 2017

Carlos Romero - As suavidades Da Vida



Estive pensando nas suavidades da vida. São tantas. Basta elevarmos os olhos para observar o suave  distante bailado das nuvens. Como isso nos dá tranquilidade.

Outra suavidade: uma flor caindo no chão... Jesus nos convidou a olhar os lírios do campo. Que bela terapêutica do olhar. Uma folha caindo no chão é de uma suavidade que encanta.

Uma lágrima escorrendo num rosto. Haverá coisa mais suave? E uma nuvem deslizando sob um céu azul, haverá coisa mais bela no mundo?

A contemplação das suavidades da vida nos eleva e nos enleva. Daí recebemos boas vibrações e nos mantemos no caminho do bem, livre das tentações. Jesus nos ensinou a não cair em tentação. Tentações é teste. E são tantas as tentações. Tentação da vaidade, tentação do sexo, do orgulho, do desânimo. Cuidado com as tentações!

Observar é bom. Viver é bom, conviver ainda é melhor. A vida na solidão não tem o menor sentido. Os existencialistas gritaram: os outros são o inferno. Estupidez, ninguém vive sozinho. Viver é conviver.

Mais do que isto: viver é transcender. Precisamos do ouro, como precisamos do ar que respiramos. Não podemos viver sem o outro. Jesus aconselhou-nos a amar o próximo como a nós mesmos. Esta é a mais difícil de todas as lições do Mestre. Amar ao próximo como a nós mesmo...

Mas, o que eu mais observo, na maioria das pessoas, é uma espécie de indiferença. Uma total indiferença às belezas, às suavidades da vida. Alguns chegam até a fechar a cara num acentuado mau humor. A presença do outro parece incomodá-los... Talvez até concordem com o pessimista e estressado Sartre, para quem "O inferno são os outros".

Ora, ora, o homem é o seu olhar. Dize-me com o olhar e eu te direi quem és. Olhar uma flor num jardim, uma nuvem deslizando no céu azul, uma lágrima escorrendo num rosto. Olhar nas suavidades da vida. 

Carlos Romero
Da Academia Paraibana de Letras

Publicado no jornal Correio da Paraíba
Edição de 29 de agosto de 2017
Opinião

Nenhum comentário:

Postar um comentário