sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

O Sétimo Guardião É Um Conjunto de Equívoco




Antoni Calloni,Bruno Gagliasso, Marina Ruy Barbosa,Lília Cabral,
Milhem Cortaz,Carol Duarte, Teodoro Chocrane,Josie Pessoa e Ana Beatriz Nogueira.

A atual novela das nove está quase na metade de seu percurso e até agora não disse a que veio. "O Sétimo Guardião" estreou cercada de expectativas porque marcava a volta do realismo fantástico ao horário nobre da Globo, estilo que virou uma especialidade de Aguinaldo Silva. 

O primeiro capítulo, inclusive, iniciou a história com pé direito: muitas cenas ótimas, conflitos promissores e um clima misterioso que parecia enriquecer o conjunto. Mas não demorou para a constatação de uma mera propaganda enganosa.

O enredo parece não andar e se arrasta ao longo dos meses. Aliás, que enredo? Muitas vezes há a sensação da inexistência de uma história para contar.

A fictícia cidade de Serro Azul tem uma fonte milagrosa com sete guardiães que a protegem. Tudo bem, mas e daí? Até agora os sete encarregados se mostram bem inúteis na função, uma vez que a vilã Valentina (Lília Cabral) consegue acessar o lugar com facilidade e já levou seus cúmplices Otávio (Tony Ramos) e Marcos Paulo (Nany People). Até mesmo Sampaio (Marcello Novaes) e Robério (Heitor Martinez) foram lá espionar e roubar água. E por que sete escolhidos? Como essa escolha foi feita? Qual a história de cada um? Não houve interesse em contar.

O romance dos mocinhos nunca funcionou. Gabriel e Luz são protagonistas antipáticos e, infelizmente, Bruno Gagliasso e Marina Ruy Barbosa não tiveram a menor química. Tanto que a separação do casal por causa da missão do rapaz de ser o sétimo guardião não provoca qualquer tipo de torcida para que se reaproximem. Os personagens, inclusive, pouco acrescentam, por mais estranho que pareça. 

Afinal, são classificados como perfis principais. Mas não têm densidade e nem elementos que despertem interesse. O mesmo vale para a suposta grande vilã. Lília Cabral não consegue brilhar na trama em virtude da falta de ação de sua dita antagonista. 

Seu único feito é perseguir o gato León. Gato esse que era um dos grandes atrativos da história, até perder a importância com o tempo. Tanto que o realismo fantástico mal é utilizado.

Tem a fonte que cura e o homem que vira gato. As poucas situações apresentadas além disso foram gratuitas e toscas, como a chegada de Firmina (Guida Vianna) em um tornado e o carro voador de Ypiranga (Paulo Betti) ---- qual o intuito?

Nem mesmo o conflito envolvendo o fato de Murilo (Eduardo Moscovis) ser o pai de Luz empolga. Tanto que era bem mais interessante quando ele era um gato quase integralmente. Nada contra o talentoso Du, mas até esse personagem parece deslocado. Seria interessante ver o romance do ex-guardião castigado da fonte com Judith, sua grande amiga e parceira de anos.

Isabela Garcia está ótima e seu papel é bem mais atrativo que o da dita mocinha. Ela, por sinal, defende a fonte com muito mais competência que todos os guardiães juntos.

Mas o autor quer mesmo juntar Murilo com Neide (Viviane Araújo), a mãe de Luz que até hoje procura o paradeiro da filha.

Aliás, os núcleos paralelos são uma negação. Um amontoado de personagens avulsos e com enredos totalmente descartáveis.

A única exceção é a trama de Mirtes (Elizabeth Savalla) e Stela (Vanessa Giácomo). Mirtes é a verdadeira víbora da novela e merecia muito mais espaço. O núcleo da sogra e da nora que se odeiam é o único que proporcionou cenas merecedoras de elogios nos últimos meses, mesmo tendo pouco destaque.

Pena que o foco no alcoolismo de Stela tenha sido simplesmente abolido sem maiores explicações. O romance dela com o marido José Aranha (Paulo Rocha), um dos guardiães, também não chegar a empolgar.

Lamentável ver a talentosa Flávia Alessandra protagonizando cenas bobas em torno de um filme que Rita de Cássia quer participar sobre a rotina de Serro Azul. Foram várias cenas repetitivas da atriz sendo filmada por Leonardo (Jaffar Bambirra) de biquíni em uma cachoeira. Uma pena que Flávia tenha acabado nessa produção e não na próxima das nove, escrita por Walcyr Carrasco. O autor foi o que mais a valorizou na carreira e agora dificilmente seria diferente.

E o que dizer da trama em cima do fetiche de Joubert em usar calcinhas? Milhem Cortaz merecia mais. Até mesmo o inicialmente convidativo romance de João Inácio (Paulo Vilhena) com a ex-prostituta Stefânia (Carol Duarte) não teve um bom desenvolvimento. Os personagens nem aparecem.

O mau aproveitamento do elenco é um dos muitos problemas da produção.

O já citado Tony Ramos ganhou um vilão deslocado e que funciona como mera "orelha" para Valentina. E olha que Valentina nem é uma boa vilã

Marcelo Serrado e Carolina Dieckmann fazem parte de uma das piores tramas do folhetim e até agora não foi possível compreender o objetivo daquele conflito do machista Nicolau com a passiva Afrodite. Nem mesmo a revolta da esposa, finalmente enfrentando o marido, promoveu uma boa virada.

A situação dos três filhos do casal também não disse a que veio: o rapaz que adora dançar (Bebeto - Eduardo Speroni) continua na mesma e a menina que ama lutar (Diana - Laryssa Ayres) tem conseguido treinar sem problemas, enquanto Rivalda (Giulia Gayoso) vem se revelando uma vilã sem maiores justificativas.

Já o bordel de Ondina (Ana Beatriz Nogueira) é o mais desanimado da história da teledramaturgia. O núcleo nunca apresenta situações relevantes e é lamentável ver uma profissional do estofo de Ana Beatriz com um papel tão desinteressante.

Nem mesmo Adamastor (Teodoro Cochrane), figura que prometia roubar a cena, consegue bons momentos.

Outros nomes subaproveitados são Inês Peixoto (Socorro), Julia Konrad (Raimunda), Leopoldo Pacheco (Feliciano), Adriana Lessa (Clotilde), Fernanda de Freitas (Louise), Marcos Caruso (Sóstenes), Matheus Abreu (Maltoni) e Giullia Buscacio (Elisa).

Os dois últimos, vale ressaltar, formam um lindo casal, mas raramente ganham oportunidade de destaque. E o romance tinha tudo para ser o melhor do enredo. Como ponto positivo do folhetim, além das mencionadas Mirtes, Judith e Stela, está a divertida Marilda, sendo muito bem interpretada por Letícia Spiller, que forma uma boa dupla com Dan Stulbach, o prefeito Eurico. Nany People também vem brilhando. No mais, fica difícil selecionar algo.

"O Sétimo Guardião" fica no ar até maio. Ou seja, ainda tem muita novela pela frente. Todavia, a chance de engrenar e melhorar está cada vez menor. O roteiro parece sem rumo e com poucas possibilidades de viradas convidativas. Um verdadeiro conjunto de equívocos. A audiência segue baixa e a repercussão nula. Para culminar, a direção de Rogério Gomes não parece em sintonia com o que vem sendo escrito por Aguinaldo. Há um certo exagero no tom de suspense em uma trama que já se revelou por completo. Pena.

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