sábado, 3 de abril de 2021

Perda de memória: quando eu devo me preocupar?

 



Publicado em: 26/01/2021 
Por Assessoria de Imprensa SUPERA

É comum vermos pessoas idosas reclamarem de se esquecerem dos fatos que ocorreram recentemente, e, quando se trata de eventos ocorridos no passado, muitas vezes referentes à infância; ao casamento; momentos marcantes do seu time de futebol; a primeira professora da escola; ao nascimento de um filho; ou seja, às memórias afetivas importantes, os idosos se recordarem com facilidade.

Porque isso acontece?

Diversas pesquisas científicas explicam que isto pode ocorrer devido ao componente emocional envolvido e que está associado a cada acontecimento.

Possivelmente a pessoa se lembrará com mais facilidade dos fatos com forte apelo emocional.

Sem a memória afetiva não teríamos uma história de vida, não nos apropriaríamos das experiências pessoais que pudessem moldar o nosso comportamento e dar a característica de quem somos, enquanto pessoas neste mundo tão diversificado.

Há séculos convivemos com mitos e crenças relacionados à memória e à velhice, em função dos quais qualquer esquecimento relacionado à idade é visto como patológico.

Faz-se alusões aos esquecimentos dos idosos e às suas confusões mentais como sinais de patologia. Entretanto, muitas vezes seus esquecimentos são semelhantes aos apresentados pelos mais jovens, porém por se tratarem de indivíduos idosos, há uma interpretação errônea.

Percebe-se isto quando pessoas mais jovens referem-se aos próprios conhecidos e/ou familiares como “esclerosados”, “demenciados” e “caducos”, ou seja com estereótipos e preconceitos presentes na sociedade.


Entretanto nem todo esquecimento é patológico, pois durante o processo de envelhecimento norma, o cérebro passa por mudanças, por exemplo, é comum esquecer-se de palavras que estão na ponta da língua, mas que não veem à mente de imediato; demorar para fazer contas de cabeça, no decorrer do envelhecimento torna-se mais trabalho, e a gravação de nomes de pessoas que acabou de conhecer também se torna mais desafiador.

Quando eu devo me preocupar?

O que não é comum de acontecer no processo de envelhecimento da memória, e que neste sentido, torna-se necessário procurar ajuda e orientações de profissionais especializados para uma avaliação cognitiva, é esquecer como realizar trajetos rotineiros; nomes de pessoas conhecidas de sua vivência; ter problemas relacionados ao julgamento e ao senso crítico; dificuldades de memória muito frequentes; repetição da mesma informação que já foi dita em intervalos pequenos de minutos;

O que também não é comum é não lembrar o nome de objetos e itens do cotidiano e ter mudanças na qualidade de execução de tarefas rotineiras, apresentando dificuldades em tarefas como pagar contas; fazer compras; lidar com dinheiro; fazer uma ligação telefônica;

E continua…


Bem como ter dificuldade para escolher um roupa adequada para determinada ocasião ou ambiente; preparar uma refeição; dirigir dentre outras atividades que exigem autonomia e gerenciamento da própria vida.

Os estudos científicos das neurociências, reforçam a importância de otimizarmos o desempenho das habilidades mentais, por meio de exercícios de estimulação cognitiva, popularmente conhecidos como exercícios de ginástica para o cérebro, como o treino com o uso do ábaco; as neuróbicas; os jogos que treinam a atenção e a concentração; e os exercícios que treinam a memória recente.

Exercite seu cérebro da forma correta


Estes exercícios, funcionam como estratégias para amenizar os esquecimentos comuns que surgem no processo de envelhecimento e são também atividades preventivas para que o cérebro aumente a sua reserva cognitiva e passe por um processo chamado de plasticidade.

Deste modo nosso cérebro torna-se mais protegido e saudável, possibilitando a longevidade, com autonomia e independência e com menor risco para o desenvolvimento de doenças que afetam a memória e as demais habilidades mentais.

Assina este artigo:

Profa. Dra. Thais Bento Lima da Silva- Docente do Curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). Pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (GNCC-FMUSP). Coordenadora do Curso de Pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo e da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG).

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