SAÚDE
Descoberta há mais de 100 anos, a demência conhecida como Doença de Alzheimer atinge mais de 1,2 milhão de brasileiros, a maioria idosos sem diagnóstico da enfermidade.
Idosa com Doença de Alzheimer.Créditos: Pixabay
Por Plinio Teodoro
Escrito em SAÚDE el 12/4/2022 · 11:31 hs
Diagnosticada pela primeira há 116 anos pelo psiquiatra alemão Alois Alzheimer, a demência que leva o nome de Doença de Alzheimer afeta mais de 1,2 milhão de pessoas no Brasil.
Segundo a Associação Brasileira de Alzhmeier (Abraz), grande parte dos casos não são diagnosticados, o que retarda o tratamento e dificulta aos pacientes terem uma melhor qualidade de vida ao conviverem com a doença, erroneamente conhecida como “esclerose” ou “caduquice”, que não tem cura.
Não se sabe ao certo o que fisiologicamente causa o Alzheimer, que ocasiona a perda de funções cognitivas - como memória, orientação, atenção e linguagem - especialmente em idosos.
Além de danos no hipocampo, parte do cérebro associada ao aprendizado, alterações em proteínas - como a beta-amiloide -, e redução das sinapses, as ligações cerebrais, o desencadeamento do Alzheimer está ligado a uma série de questões comportamentais, que podem tanto postergar o surgimento da demência quanto fazer com que pacientes já diagnosticados convivam de forma melhor com ela.
Além do tratamento farmacológico específico para cada etapa da doença, diante da disfuncionalidade da produção de substâncias pelo corpo, atividades de estimulação cognitiva, social e física beneficiam a manutenção de habilidades preservadas e favorecem a funcionalidade.
A Abraz lista cinco tratamentos não farmacológicos que ajudam pacientes diagnosticados com a doença a viveram melhor.
- Estimulação cognitiva
A estimulação cognitiva é realizada por meio de atividades que privilegiam raciocínio lógico, atenção, memória, linguagem e planejamento. O objetivo é manter o cérebro ativo, estimulando as sinapses e áreas que possam ser afetadas pelo Alzheimer. Para isso, podem ser usados jogos simples, como palavras cruzadas, e coletivos, como os de tabuleiros, que ainda incentivam o convívio social com o paciente.
- Estimulação social
Segundo estudos, o isolamento social é uma das principais causas que desencadeiam problemas psíquicos como a demência. Iniciativas que priorizam o contato social dos pacientes estimulando as habilidades de comunicação, convivência e afeto, promovendo integração e evitando a apatia e a inatividade são parte importante no tratamento do Alzheimer. O importante é desenvolver essas atividades de acordo com as reações do paciente, que variam de acordo com o desenvolvimento da doença. O contato com a família é importantíssimo, já que memórias afetivas - mesmo as mais distantes - são mais perenes e tendem a ser lembradas mesmo em estágios avançados da doença.
- Estimulação física
Com o avanço da doença, a deterioração das funções cognitivas afetam a parte física, que deve ser estimulada, como forma também de influenciar a atividade cerebral. O tratamento fisioterapêutico é importante para diminuir as limitações físicas que o Alzheimer pode trazer, como dificuldade para andar e equilibrar. Além de evitar dores e fortalecer a musculatura, a atividade física aumenta os movimentos peristálticos do intestino facilitando a eliminação das fezes.
- Organização do ambiente
A dificuldade de manter certa independência se dá em grande parte pela perda de memória. Esse fator influencia diretamente o humor dos pacientes com Alzheimer, que se sentem frustrados por não conseguirem resolver coisas básicas, como trocar de roupa ou tomar água. Organizar o ambiente ajuda a inibir ou controlar as manifestações de sintomas comportamentais como ansiedade e agitação, delírios e alucinações e inadequações sociais.
- Buscar tratamentos específicos para cada fase da doença
Como uma doença progressiva, o Alzheimer necessita de tratamentos específicos para cada fase da doença. E por isso se torna imprescindível o acompanhamento próximo de psiquiatras e neurologistas. Na fase inicial, as mudanças geram estresse e reações comportamentais negativas, que podem ser amenizados com um acompanhamento psicológico. Em fases mais avançadas, muitas vezes é necessário o acompanhamento de um profissional de saúde - como enfermeiro ou cuidador - full time. Em todo o processo, o mais importante é a compreensão e o olhar amoroso da família, que dá sustentação ao processo lento de desligamento da vida.
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