Às vezes esqueço que passei dos trinta ou dos sessenta.
Aprendi a ouvir o silêncio e seus ritmos. Acho que os sons me mantém vivo.
Faço canções que não serão ouvidas e livros que não serão lidos.
Viverei para sempre em forma de pedra, areia, estrela, pólvora.
O resto não sei, mas estou aprendendo rápido.
Parece que nem passei dos trinta ou dos sessenta.
Esqueço os óculos e a senha que me permite entrar na máquina do tempo.
Sinto-me menino.
Tropeço nos cadarços, rabisco paredes, imito passarinhos.
O coração sempre dispara, não sei se por emoção ou falta de ginástica rítmica.
Vôo nas asas de sonhos bons e sou devorado pela nostalgia.
Velho é quem passa dos trinta ou dos sessenta?
Ainda não me dei conta disso.
Enquanto as células se degeneram, abro outras portas e escrevo outros versos, de olho no infinito...
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