quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Sexagenário



Às vezes esqueço que passei dos trinta ou dos sessenta.

Aprendi a ouvir o silêncio e seus ritmos. Acho que os sons me mantém vivo.

Faço canções que não serão ouvidas e livros que não serão lidos.

Viverei para sempre em forma de pedra, areia, estrela, pólvora. 

O resto não sei, mas estou aprendendo rápido.

Parece que nem passei dos trinta ou dos sessenta.

Esqueço os óculos e a senha que me permite entrar na máquina do tempo.

Sinto-me menino. 

Tropeço nos cadarços, rabisco paredes, imito passarinhos.

O coração sempre dispara, não sei se por emoção ou falta de ginástica rítmica.

Vôo nas asas de sonhos bons e sou devorado pela nostalgia.

Velho é quem passa dos trinta ou dos sessenta?

Ainda não me dei conta disso.

Enquanto as células se degeneram, abro outras portas e escrevo outros versos, de olho no infinito...

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