sexta-feira, 4 de abril de 2025

Certa vez, no auge do outono, um forte vento varreu a floresta



Reze Antes de Dormir

As nuvens cobriram o céu e as folhas dançaram em um frenesi selvagem. 

No meio desta intempérie, um corvo voando sobre os campos colidiu com um galho de uma árvore antiga. Ele caiu no chão com um grasnar fraco — uma das asas pendia sem forças.

O corvo tentou se levantar e arrumar as penas, mas uma dor aguda atravessou seu corpo. Ele percebeu que não conseguiria sozinho. Então, levantou o olhar para o céu, onde as aves voavam, e grasnou com esperança:

— Ajudem-me… não consigo voar…

Uma pega passou voando e, ao ver o corvo, apenas resmungou:

— Você sempre foi orgulhoso, voava alto e zombava de nós. Peça ajuda a si mesmo agora.

Perto dela voavam um tordo, um pintassilgo e até um gaio — todos evitavam olhar para ele, lançando olhares curtos de desprezo ou indiferença.

O corvo abaixou a cabeça. Sozinho, faminto e ferido, começou a perder a esperança.

Mas então, de um arbusto próximo, ouviu-se uma vozinha frágil:

— Eu ajudarei você, se não tiver medo da minha força diminuta.

Era um pardal. Pequeno, discreto, cinzento. Ele saltitou ao lado, carregando no bico uma migalha de pão seco. Depois trouxe uma gota de água, um abrigo de folhas secas, fez um ninho entre as raízes da árvore.

— Por que você está fazendo isso? — perguntou fracamente o corvo.

— Porque você está vivo. E porque, se eu caísse, gostaria que alguém não passasse por mim sem me ajudar.

Os dias passaram. 

No início, o corvo não podia nem se mover, mas o pardal não o abandonou. 

Ele compartilhava com ele migalhas, contava sobre a vida na floresta, aquecia-o nas noites frias. E quando o corvo finalmente pôde abrir novamente suas asas, seu primeiro pensamento não foi sobre si mesmo, mas sobre o pequeno amigo que se tornara mais importante para ele do que qualquer outro.

A primavera chegou rapidamente. 

A floresta encheu-se de luzes e sons. 

Mas um dia, enquanto o pardal colhia sementes na clareira, um gavião surgiu de um arbusto. Tudo aconteceu num instante — o pardal nem teve tempo de piar.

Mas de repente, uma silhueta negra caiu do céu. O corvo, forte e majestoso, mergulhou para baixo, abrindo as asas com tanta força que o ar assoviou. Ele chocou-se com o gavião e o afastou.

— Você me salvou… — sussurrou o pardal.

— Não, você me salvou primeiro, — respondeu o corvo. — Agora sei que a bondade não se mede pelo tamanho das asas. E o coração… pode ser enorme mesmo na menor das criaturas.

Moral:
Nunca desdenhe daqueles que são mais fracos que você. Às vezes, aquele que você julgava insignificante pode se tornar seu apoio. E o bem oferecido sem segundas intenções sempre retorna — quando menos se espera, mas quando mais se necessita.


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