No dia 10 de julho de 2009, o comerciante Rafael Laurindo Guerra, de apenas 26 anos, foi morto com dois tiros no peito na cidade de Indaiatuba, no Estado de São Paulo.
Ele fechava o seu estabelecimento, quando foi surpreendido pelo assaltante . Rafael seria mais um número nas estatísticas da violência, se não fosse o desfecho da história.
O que aconteceu depois do assassinato do comerciante não costuma dar manchete na imprensa de qualquer coloração, seja ela marrom ou não.
A mãe de Rafael, Sra. Daísy Laurindo, perdoou o assassino do filho. Ela não o fez com palavras, mas com um ato de amor. Procurou compreender o que levou o assaltante a cometer aquele ato tão vil. Descobriu que ele vivia na miséria com a mulher e três filhos, sendo um deles um bêbê de sete meses. Estava sem o dinheiro do aluguel.A família iria morar na rua. Com o crime, tudo piorou ainda mais.
Num gesto surpreendente, Dona Daísy decidiu ajudar. Procurou agir de modo que não soubessem que era ela que estava auxiliando. Conseguiu um emprego para a mulher e vagas em uma creche pública para as três crianças, além de enviar mantimentos à familia.
Perguntada sobre o porquê de agir assim, ela explicou que desejava um destino diferente para os filhos daquele homem. "Ele tirou a vida do meu filho, que me faz muita falta. Mas a vida tirou dele o direito de ser pai de três crianças."
Dona Daísy não fundou uma ONG, não começou um movimento, não pediu doações. Ela agiu individualmente, numa ação pedagógica. Primeiro para si mesma. Ela aprendeu a perdoar, perdoando. Ela acreditou na ação pessoal. A mesma força que fez Gandhi botar para correr o maior império do mundo.
A pequena gota que cada um de nós é, quando tocada pelos raios do amor, passa a espalhar as cores da miseridórdia, da paz, da sinceridade, da santidade. O exemplo individual é o prisma que propaga o bem.
Muitos deixam o perdão para Deus, guardando o rancor para si mesmos. Mas Deus espera de nós a superação das ofensas, pois sempre nos dá a melhor parte. Esquecer não é suficiente, é preciso mudar a disposição de prejudicar, substituindo-a pela bondade.
O milagre do arco-íris só ocorre quando os pingos de chuva se disponhem a refletir a luz.
Emerson Barros de Aguiar.
Jornalista e filósofo.
Publicada no Jornal Correio da Paraíba.
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