quinta-feira, 10 de março de 2011

Canta Brasil

Elis Regina, com Donga, Jair Rodrigues, Magalhães Pinto, Nara Leão e Elza Soares - bons tempos....

A modinha virou choro, o choro deu samba, o samba correu o mundo. Tem "sambinha de uma nota só", mas tem também uma profusão de rítmos só possível no universos da Música Popular Brasileira; já ganhou diversos formatos, numa linha evolutiva em que o choro, o samba, a bossa nova e a tropicália se alternam ora com as marchas e as canções da era do rádio, ora com a música dos festivais e canção de protesto, sem falar na infinidade de expressões regionais como a música caipira, o frevo, o baião, as múltiplas faces da música baiana...


A Bossa Nova trouxe para a MPB nomes como Elis Regina, Edu Lobo, Marcos e Paulo Sérgio Valle, ao mesmo tempo, uma liberdade de composição começava a ser percebida. A própria Nara Leão, musa da Bossa Nova, gravaria, em 1965, um disco mias inclinado para o samba tradicional, com músicas de Zé Keti, Nelson Cavaquinho e Cartola.

As idéias borbulhavam em todo o mundo e a explosão criativa daqueles anos de 1967,1968 e 1969 no Brasil, era traduzida por um movimento que marcaria a fundo os caminhos da MPB: a Tropicália

Caetano Veloso e Gilberto Gil irrompem no 3º Festival de Música Popular, na TV Record causando polêmica com suas canções "Alegria Alegria" e "Domingo no Parque", respectivamente. Revelou além de Gil e Caetano, as divas Gal Costa e Maria Bethânia.

Com o recrudescimento da censura, a partir de 1968, artistas como Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil se exilaram ou foram exilados. De volta ao Brasil, Chico Buarque teria inúmeras de suas composições censuradas. Músicas como "Apesar de você", "Cálice", "Partido Alto", entre outas, foram mutilads ou proibidas.

Os anos 80, época em que a MPB ficou praticamente estanque foram marcados pela arcensão do rock nacional. Surgiram Paralamas do Sucesso, Titãs, RPM, Legião Urbana, Engenheiros do Havaí, Marina.. Ainda assim a década de 80 permitiu que novos rítmos africanos fossem agregados à música de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Djavan, Luiz Melodia, Jorge Ben. Na virada da década, a Bahia irrompeu no cenário nacional com um aproveitamento absolutamente criativo desses rítmos africanos. Surgiram, então, o Olodum, o Araketu, a banda Chiclete com Banana, etc.

Entre 1965 e 1968, a TV se tornaria um instrumento de massificação da música e vice-versa, principalmente por causa dos festivais. O primeiro deles, realizado no Guarujá SP, em 1965, brindaria a Música Popular Brasileira com a revelação de uma das maiores cantoras da história da nossa música : Elis Regina. Vinda do Rio Grande do Sul, depois de três discos gravados, já despontava nos shows do Beco das Garrafas, em Copacabana, Rio de Janeiro, mas só seria consagrada depois de vencer aquele festival, defendendo "Arrastão", composição de Edu Lobo e Vinicius de Moraes.

Página importante da história da MPB, os festivais, em suas várias fases, consagraram artistas como Chico Buarque, Geraldo Vandré, Hermeto Pascoal, Jair Rodrigues, Nara Leão, Nana Caymmy, Milton Nascimento, Egberto Gismonti, Raul Seixas, Ivan Lins, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jorge Ben (hoje Benjor), Luiz Gonzaga Jr. João Bosco, Beth Carvalho, Rita Lee, Toni Tornado, Wilson Simonal... e mais recentemente Tetê Espíndola.

Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléia também foram revelados pela TV, não nos festivais mas pelo movimento chamado Jovem Guarda.

Pouco depois, surgiu a canção de protesto contra os abusos do poder militar tendo sido reprimida pela censura. O maior hino dessa época levou o nome de "Prá não dizer que não falei das flores".
Parte do artigo publicado na revista Kalunga
Kalunga Comércio e Indústria Gráfica Ltda

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