Todos somos diferentes. Cada pessoa traz consigo uma certa dose de mistério. É o jeito de ser de cada um. São peculiaridades que tornam cada ser humano um ser único: com reações próprias, com singularidades que vão do gosto ao desgosto; do sorrir ao chorar. Na verdade, ninguém é igual a outrem, inclusive na forma de lidar com o sofrimento. Existe, portanto, a dor de cada um.
É certo que temos graus diferentes de sensibilidade. Nem sempre os que estão perto de nós entendem as razões e a intensidade de nossa dor. São sentimentos muito íntimos; experiências muito pessoais. São verdades exclusivas da alma.
Aquilo que, para alguns, pode significar humilhação e tristeza, pode ser interpretado por outros como uma banalidade, uma tolice passageira. Os fatos da vida ganham ou perdem sentido quando afetam a nossa sensibilidade. Por isso mesmo, ainda que haja uma massificação do sofrimento, como ocorre nas tragédias coletivas, ainda assim, existirá a dor de cada um. Tanto mais perto de nós, tanto mais intensa é a dor.
Às vezes, numa mesma casa, sob o mesmo teto, um chora e outro ri.Ou, numa mesma cama, sob o mesmo lençol, um dorme em paz e outro agoniza. Daí, conhecer alguém em profundidade é, acima de tudo, procurar escutar a voz do coração que, muitas vezes, é exteriorizada pela linguagem das lágrimas.
Os relacionamentos mais significativos, como marido e mulher, pais e filhos, amigos e namorados, deixam marcas profundas em nós, inclusive, de sofrimento. Toda relação saudável exige um respeito para com a dor do outro. Esse respeito se dá quando não menosprezamos as lágrimas de alguém, e procuramos entender as razões do seu pranto.
A dor de cada um é, também, a maneira como expressamos nossas frustrações, amarguras, desencantos, perplexidades, tristezas e lamentos. É uma forma bem humana de rejeitarmos as desumanidades.É uma maneira corajosa e verdadeira de revelarmos nossa interioridade, de assumirmos nossa condição humana.
Todavia, a dor pode ser uma espécie de combustível para a vida. As grandes perdas, os lutos, as crises agudas, as enfermidades, o fim de um relacionamento, as ingratidões, enfim, as experiências dolorosas da vida acabam injetando em nós vontade de viver, desejo de superação. É a dor como semente de vida e esperança. Alguns sonhos são gerados nas entranhas da dor. É o aprendizado silencioso de quem valoriza suas próprias lágrimas.
É exatamente na experiência da dor que Deus se revela um amigo fiel. Ele é o "socorro bem presente na angústia", como bem disse o Salmista. Ele é o bálsamo por excelência. É também lenitivo e refrigério constantes, trazendo consolo, fortaleza e esperança. Por ser o Pai de todos, Deus está sempre presente na dor de cada um.
Estevam Fernandes de Oliveira.
Pastor da 1ª Igreja Batista.
Publicada no Jornal Correio da Paraíba
sexta-feira, 11 de março de 2011
Estevam Fernandes - A Dor De Cada Um
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