um conto - uma crônica
O Rei do Baião fez a sua derradeira viagem em 1989. Após sua morte, todo dia 13 de dezembro, data do seu nascimento, o Parque Aza Branca, no Exu, abre suas portas para receber uma legião de gonzaguianos, que rememoram a vida e a obra do pernambucano maior do Século XX.
Vale ressaltar, antes de tudo, que Gonzaga, quando criou o Parque Aza Branca, objetivou deixar um espaço para que a cultura de raiz do Nordeste tivesse um ambiente próprio para promover o congraçamento de suas antigas e novas gerações, como também servir de ponto de encontro dos gonzaguianos, permitindo as reinvidicações e protestos necessários.
Desde 1998 que participo dessa festa, presenciando e vivenciando intensamente as didiculdades, desvirtuamentos e a luta dos verdadeiros gonzaguianos para que o evento permaneça com a cara do Gonzagão.
Após a morte do Rei do Baião, de Gonzaguinha e de Dona Helena, Rosinha (filha de Gonzaga) vendeu sua parte no Parque para Zito Alencar, que na qualidade de amigo e fiel seguidor do Rei, promoveu várias festas mantendo a tradição idealizada por Luiz. Zito faleceu em 1998 e naquela ocasião o parque não abriu suas portas para a realização da festa, a qual aconteceu por trás da igreja, organizado por Reginaldo Silva, verdadeiro operário do Gonzaga e que atualmente é o presidente da Fundação Vovô Januário.
Aquele ano constituiu um marco na história gonzaguiana. É que, com o falecimento de Zito Alencar, o Parque Aza Branca passou a ser gerenciado por sua viúva e por sua cunhado Beba, como é conhcido no Exu. Daí por diante, alguns aspectos e divergências merecem ser pontuadas. Antes de 1998, a festividade era realizada com a participação de artistas que não cobravam cachê algum. Após 1998, o evento adquiriu vários formatos que conduziram à sua comercialização, inclusive com o pagamento de cachê aos artistas. É inadmissível, mas vrdadeiro, o fato de que houve um ano em que a festa foi realizada no parque sob o comando da Somzoomsat, patrocinadora maior da música de plástico que infecta as ondas dos rádios nordestinos.
Salienta-se, ainda, que em 2001 havia três palcos no parque, uma divisão que jamais seria aceita por Gonzaga. Para se ter uma idéia, só o show do palco principal foi transmitido para mais de 100 países, já os outros...
O importante é que todos aqueles envolvidos com a obra de Luiz se unam e possam formatar o evento que preserve a verdadeira cultura. Como a festa ganhou corpo, a comercialização é inevitável, mas é necessário pagar ao dono do som, como justo também é pagamento do cachê dos artistas. O evento de dezembro de 2009, coordenado pela Fumdarpe, merece elogios, pois a programação deu inteira preferência aos artistas do autêntico forró, além de promover oficinas, palestras e apresentação de danças folclóricas.
Onaldo Queiroga.
Escritor e Juiz de Direito.
Publicada no Jornal Correio da Paraíba.
Coluna: Opinião
Edição de sábado.
terça-feira, 19 de abril de 2011
Onaldo Queiroga - Lua, O Memorável Rei
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