um conto-uma crônica
O agitado viver dos dias atuais vem tranformando o ser humano em um mero componente de uma fábrica, que produz seres automatizados para uma sociedade repleta de estresse, solidão, desconfiança, desamor, infelicidade, de relações frias e de um olhar incrédulo.
O homem, no seu dia-a-dia, corre demais. E num frenesi constante constrói inúmeras despesas, sempre com o escopo de alcançar algo, que na maioria das vezes representa o sonho do ter. Trabalhando de forma ilimitada, alguns buscam adquirir automóveis, imóveis, boas roupas e glamour; outros optam por uma bela viagem a New York, Paris, Barcelona, Londres, Berlim, Madri.
Nessa febre em busca do consumismo do materialismo, o homem termina por estabelecer um pensamento de que não tem mais tempo para ouvir, dialogar, conviver com sua família e amigos. Uns dizem que o dia é curto. E, mesmo que tivesse 72 horas, não daria para cumprir todos os compromissos agendados. Diante do rítmo alucinante da vida moderna, afirmam que o mês e o ano são deveras curtos e não mais comportam a realização das atividades que suas mentes eletrizantes pré-agendaram.
Se não há tempo para compartilhar com o filho um momento de lazer, se não existe sequer um instante para uma reflexão consigo mesmo ou com Deus, é de se indagar: Qual o futuro desse homem? Por que correr tanto?
A vida permite que o homem realize suas atividades num compasso mais pausado no tempo. Só depende dele. Quem determina o rítmo dos acontacimentos é o próprio ser humano. Não há pressa, pois afinal todo caminho a ser percorrido por ele sempre o leva para os braços da "Caetana".
Não creio que o corre-corre frenético dos tempos de hoje corresponda a um viver bem. Parece, na verdade, que o homem hodierno está passando pela vida. Quando perde um ente querido, nesse momento o homem pára, faz uma reflexão sobre tudo isso. E aí comenta:"Fulano era tão moço, lutava tanto pela vida e mesmo assim morreu tão cedo! Vou reduzir o rítmo de minha vida". Mas, depois de uns cinco dias, esse mesmo homem retoma seu rítmo de vida, acelerado e compromisso com o ter.
O bem-estar repousa na paz espiritual que reside no coração e na alma de cada ser humamo. Os sete palmos reservados para cada homem tem pouco espaço até mesmo para acomodá-lo. Então, para que juntar tantos bens, tanto dinheiro? Nada disso o homem levará quando romper os umbrais da eternidade.
Ele precisa, sim, reduzir o seu rítmo materialista de vida. Buscar na solidariedade, dividir o pão com seu semelhante. Deixar de ser leviano com a natureza. Cuidar dela com carinho, pois é nela que repousam os mistérios e os ensinamentos de Deus.
Onaldo Queiroga
Escritor e Juiz de Direito.
Esquinas da Vida.
Capítulo I - O Mundo sem Porteira
Tudo tem seu apogeu e seu declínio...
Páginas 35 e 36
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