segunda-feira, 18 de abril de 2011

Onaldo Queiroga - Esquinas Da Vida - Saudável Utopia - Linhas de Orelha

Fazendo da crônica sua forma de expressão, o magistrado e escritor Onaldo Queiroga revela uma maneira peculiar de perceber o mundo e de contribuir, em larga escala, para a formação de uma consciência reflexiva.A natureza do gênero favorece o objetivo do autor. Os temas são inesgotáveis, infinitos como as circunstâncias que propiciam os flagrantes. Na escolha e no enfoque, o escritor se revela em suas características essenciais.

O interior é a pátria eletiva. Especificamente o sertão, com as suas lendas, cantadores, tipos populares, costumes, tudo que se fixou na memória afetiva, como experiência existencial. Também se destaca a música popular, como tema recorrente. Cantores e compositores realçados como verdadeiros ídolos. E, complementando essas preferências temáticas, problemas da atualidade, acontecimentos mundiais, mudanças sociais que revelam as preocupações do homem conscientemente inserido nos conflitos do tempo presente.

Do ponto de vista ideológico, é um verdadeiro compromisso ético que predomina no tratamente de todos os temas, com ênfase para a religiosidade onde se incluem os ensinamentos de Padre Cícero ou de Chico Xavier. De modo que uma lição restará sempre para o leitor. Uma reflexão humanística resultará até mesmo a partir de elementos como Pedra de amolar, Muros ou Espelhos, ficando claro que a grande busca do cronista é a densidade humana.

A linguagem é simples como convém ao gênero jornalístico. E a evolução dos temas reflete o rítmo despretensioso em que palavra-puxa-palavra, tão natural que o leitor esquece a formalidade da escrita. Não há dúvida quanto à benéfica influência da cultura popular e da oralidade que salvam o escritor-magistrado de qualquer ranço bacharelesco.

A ordem de valores na qual se apóia a visão-de-mundo do escritor resulta em um posicionamento crítico que se reafirma a cada texto. O olhar de reprovação recai, de forma bem direta, sobre características marcantes da sociedade contemporânea como o automatismo, o consumismo, o lixo sonoro, o estresse, a violência, o materialismo. a hipocresia, etc. E em decorrência do viver equivocado, calcado no que se considera uma inversão dos valores, a ingratidão, a indiferença, a solidão e o desamor, que geram a infelicidade, são também duramente criticados.

O ideal de um mundo mais humano e de um homem mais feliz é o substrato das crônicas de Onaldo Queiroga. Uma saudável utopia sustentada na esperança de que "O homem deve derrubar os muros e andar pelos jardins da liberdade, voar nos pensamentos da fraternidade e repousar o espírito nas plumas do amor."

Ângela Bezerra de Castro.

Professora e crítica literária.
Coordenadora administrativa da ESMA
(Escola Superior da Magistratura do Tribunal de Justiça da Paraíba).


Esquinas da Vida.

Escritor Onaldo Queiroga

Nenhum comentário:

Postar um comentário