quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Que "Saudadis" - Mussum

Antonio Carlos Bernardes Gomes, Mussum, 

Lá se vão 20 anos de sua morte, mas Mussum continua mais vivo do que nunca.


Os Trapalhões
Renato Aragão (Didi), Mauro Faccio Gonçalves (Zacarias), Antonio Carlos Bernardes Gomes (Mussum)  e Manfried Sant'Anna (Dedé). 


Para quem tem cerca de 30 anos de idade ou mais, fica difícil não lembrar das aguardadas noites de domingo dos anos 1980. Na época, não havia brincadeiras mais legal do que sentar-se em frente à TV e deliciar-se com o humor popular de Didi, Dedé, Mussum e Zacarias. Os Trabalhões, atração recheada de piadas simples ditas pelo quarteto mais famoso da televisão, cuja audiência, às 19h, tinha números de novela de horário nobre. Eles fizeram mesmo história, mas um trapalhão, em especial, chamava a minha atenção. Antonio Carlos Bernardes Gomes, O Mussum, era o mais engraçado da trupe e tirava de letra as provocações por ser negro e pobre ou por beber demais.

Antonio Carlos Bernardes Gomes,  Mussum

Alcoólatra? Nada disso, ele era apenas um grande amante do "mé" (apelido carinhoso que deu à mistura de pinga com mel). "Pratico o halterocopismo socialmentis", dizia. Isso sem falar no vocabulário inusitado usado para qualquer palavra que fosse.

O Tempo Passou...

No início dos anos 1990, Mussum já era um artista completo. trabalhador e disciplinado ao extremo, fruto de seus anos na aeronáutica, onde chegou a cabo, também se valeu da fama e do dinheiro para aperfeiçoar alguns gostos pessoais. Músico e sambista de primeira, ele foi membro e mentor do grupo "Originais do Samba", passou a ouvir boleros e jazz e, naquela altura da vida alternava o seu "mé" com generosas doses de whisky importado, além de tragadas em charutos cubanos.

Em 1994, a vida agitada cobrou seu preço e os problemas de saúde apareceram. Ele chegou a passar por um transplante de coração, porém, duas semanas após a operação, não resistiu e morreu aos 53 anos, no dia 29 de julho de 1994.

Antonio Carlos Bernardes Gomes,  Mussum

Homem e Mito

Desde então, as novas gerações passaram a conhecer o talento do humorista por meio da reprises durante à tarde de Os Trapalhões, que a TV Globo deixou no ar até 1998, e também, sucesso de audiência, diga-se de passagem! Mas foi com a popularização da internet que o Mussum voltou à cena nos vídeos mais antigos e clássicos da trupe, com minhões de visualizações no YouTube.Quando as redes sociais ganharam força no Brasil, Mussum virou mito e passou a ser relacionado com todo o tipo de assunto: política, religião, esportes, entretenimento e economia.

Páginas da vida

Com tanta evidência, nada melhor para perpetuar essa grande história do que a biografia Mussum forévis - samba, mé e trapalhões, do jornalista Juliano Barreto,  lançada recentemente. A obra, baseada em mais de 100 entrevistas com amigos, familiares e colegas de trabalho do Trapalhão, chega para popularizar ainda mais o humorista e, principalmente, para desmistificar alguns aspectos do personagem que não combinavam em nada com a pessoa de Antonio Carlos, como o alcoolismo e a irresponsabilidade.

Em família

Pai dedicado de cinco filhos, com cinco mulheres diferentes, Mussum cobrava disciplina e organização dos herdeiros e sempre insistiu para que todos estudassem muito na vida. "Burro preto tem um monte, mas preto burro não dá", falava o artista.

Antonio Carlos Junior


Da prole, o caçula Antonio Carlos Junior, o Mussunzinho, seguiu seus passos artísticos e virou ator. Atualmente, interpreta o Wallace, de Malhação, e não quer mais ser chamado de Mussunzinho. 


Por André Rezende

Publicado na revista TV Novelas
Edição de 27/08/2014 nº 437
Personagens Inesquecíveis.
Foto: Divulgação.

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