Um conto - uma crônica
Vivemos a era da velocidade, que, sem pedir licença, invadiu nossas vidas trazendo benfícios e malefícios.
O homem transformou o transporte e os meios de comunicação em mecanismos extremamente velozes. Hoje temos automóveis, aeronaves e embarcações cada vez mais luxuosas, avançadas tecnologicamente e rápidas.
Já os meios de comunicação também seguem o mesmo norte, pois a mídia radiofônica, televisiva e a moderna internet, proporcionam uma comunicação instantânea entre homens, inclusive não importando onde estejam. Com isso, no nosso âmago brotou a sensação de que tudo passou igualmente a ganhar velocidade e o ser humano, consequentemente, corre para vencer os percalços e alcançar seus sonhos.
Observe-se, ainda, que da mesma forma que as coisas boas ganharam velocidade, também as ruins evoluíram velozmente. O homem, com o aumento da produção de veículos, passou a gerar em maior escala a poluição, afetando todo o ecossitema, colocando assim em risco a sua própria existência.
Diante de tanta velocidade emerge uma indagação: Para onde vamos? Realmente, às vezes, no meio desse corre-e-corre, os dias passam tão rápido que sequer temos tempo de olhar para nós mesmos. Deixamos de nos dedicar a família, ao lazer, a asistir a um bom filme, a ouvir música, à ir ao teatro, tudo sob a falsa alegação de falta de tempo.
É preciso repensar toda essa estrutura veloz que o mundo atual vem impondo à humanidade, pois, afinal, do contrário ao invés de vivermos a vida, estaremos apenas passando, desesperadamente, por ela.
É preciso trabalhar, ganhar o pão de cada dia, ter uma boa residência, enfim lutar pela vida, mas também não podemos esquecer que a nossa mente e nosso corpo necessitam de instantes de descanso, de diversão, de reflexão, de paz e de oração. Devemos lembrar que na vida tudo tem seu tempo, e este não admite ser atropelado.
Essa velocidade vem sendo sentida há anos, pois basta lembrarmos que Charles Chaplin já afirmava que "Criamos a época da velocidade, mas senti-mo-nos enclausurados dentro dela. Os nossos conhecimentos tornaram-se cépticos. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco."
Não podemos jamais ser refém dessa velocidade, por isso, é preciso lembrar a poesia de Acyole Neto, que diz:" Se avexe não
Amanhã pode acontecer tudo, inclusive nada.
Se avexe não
A lagarta rasteja até o dia em que cria asas.
Se avexe não
Que a burrinha da felicidade nunca se atrasa.
Se avexe não
Toda caminhada começa no primeiro passo.
A natureza não tem pressa segue seu compasso.
Inexoravelmente chega lá.
Se avexe não
Observe quem vai subindo a ladeira
Seja princesa, ou seja lavadeira
Pra ir mais alto vai ter que suar."
Onaldo Queiroga.
Escritor e Juiz de Direito.Publicada no Jornal Correio da Paraíba.
Coluna: Opinião
Edição de sábado.
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