quarta-feira, 30 de março de 2011

Rubens Nóbrega - Só Mais Um


um conto - uma crônica

Depois que a gente abre contagem regressiva para a subida , cada ano a mais de vida é um presente daqueles...

Um presente do tipo que quando menino a gente guardava na vontade o ano todo só para pedir e - a depender das condições dos pais - até receber no Natal.

Vou, portanto, adiantar a minha pedida, aproveitando que é véspera de Ano Novo, dia em que o Homem lá de cima dve estar descansando e meditando se vai para o réveillon do Mago ou do Zé.

Bom, eu só quero um ano com saúde e paz, coisas que fazem bom efeito na minha auto-estima e aumentam bastante o amor pelos mais chegado, sobretudo mulher e filhos, e o bem querer pelos amigos de verdade.

Quero mais um ano também para ver alguma coisa mudar pra melhor na minha cidade, no meu Estado, no meu país.

Alguma coisa melhorou em 2009, é verdade, mas dá pra melhorar muito mais no ano que vem chegando. Até por que a gente boa da minha terra merece que assim seja.

Se me derem mais um ano, vou me empenhar para fazer mais e melhor o que consigo fazer mais ou menos, sobretudo se for para o bem dos meus e das pessoas de bem.

Um ano a mais de crédito dá para escrever menos complicado e até mais descontraído. Escrever sem mágoa, sem raiva, sem perder a fleuma ou a ternura, como ensina o Professor Ascendino.

Vou cada vez mais tentar escrever assim, mesmo se o assunto for o malfeito de gente má e poderosa que nos aferventa o sangue quando nos assume a mais justa indignação diante das safadezas impunes.

De qualquer forma, um ano a mais servirá para aperfeiçoar a postura com que me esforço nessa exposição permanente aos leitores e a minha própria consciência.

Significa que vou fazer de tudo para manter a mente aberta, a espinha ereta e o coração tranquilo, tal e qual recomendavam os versos belíssimos do poeta Walter Franco.

Quero mais um ano , pelo menos mais um, como já disse, para continuar amando as pessoas que amo e ser feliz, sem medo, no meu lugar, que é a minha cidade.

Mais um ano e terei uma nova chance de aprimorar a tolerância que preciso ter com meus diferentes, divergentes, dissidentes ou antagonistas.

Quero mais um ano, enfim, para arrefecer minhas ambições e me acostumar à idéia de que não vou passar disso. É a chance que tenho de ser menos pedante, menos pretensioso, um pouco mais humilde.

E se não der...

Se não for possível em 2010, tentarei no ano seguinte e nos seguintes da minha sobrevida.

Rubens Nóbrega
Jornalista

Publicada no Jornal Correio da Paraíba.
Edição 31/12/2009.

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