Cada livro traz para o leitor um pacote recheado de surpresa e mistério. Um livro novo é um território "nunca dantes navegado" para quem enfrenta a aventura de o desbravar. O livro de Onaldo que você vai descobrir é, passo a passo, um terreno composto de muitos fragmentos que são, cada um, uma história completa e interligada com as demais. Uma parte que contém o todo, como os hologramas. Cada crônica contém um pouco do coração que a escreveu.
"Solilóquio" é um diálogo consigo mesmo e com os outros; os dois Hortêncios, o princípio e o fim, que encontrará antes de refletir sobre a paciência e o poder. Sinta arrepios com a visão da moça, a Caetana e os contrastes da vila, enquanto espera ir da floresta ao virtual, sob o sonho, o luxo e o lixo entre os transeuntes da vida. Sinta como o tempo parece voar para o livre, enquanto não passa para o encarcerado e seu carcereiro... Lamente os crimes musicais que se cometem, mas não deixe de ouvir Rosinha e o seu violão de Valença, estudando os sinais e o jogo de sentimentos em pauta.
Há sempre um circo romano armado no mundo, onde se misturam civilizações, comunicação e corrupções, tão plurais e superlativas no cotidiano. Mergulhe no mistério dos encostos, enquanto trafega entre o céu e a terra, e embarque no trem da estação da saudade da infância que vai longe. Sinta o horror que a guerra mostra às crianças, velozes na janela do tempo-visor que passa. Agradeça o mendigo pelo privilégio de o poder ajudar e nunca espere o contrário. Toque com os olhos a beleza do barro de Vitalino e lembre, com saudade, o campeão que partiu.
Pergunte-se: é o fim o que anunciam os sinais? Ou a vida será sempre um rio que corre para o mar e volta às nuvens? Que tempos são estes onde água e fogo ministram lições iguas? São muitas as perguntas que você terá que fazer a si mesmo, enquanto lê Onaldo. Atente para as emoções do diálogo final e do desejo de diálogo que, um dia, todos buscam. E se pergunte, também, por que alguém decapitaria Padre Cícero. Dolorosa pergunta.
Divirta-se com a estranha macacoa que ataca cabras sorumbáticos... E, last but not least, um pouco de poesia para iluminar as últimas páginas, que apresentam homem como um perigo maior, à deriva, do que qualquer asteróide. Qualquer pessoa pode ser celebridade, hoje em dia. Por quê? Talvez sim, talvez não. Diferente da voz do povo que é retrato falado da voz de Deus, ainda bem. Embora trate o sério como assunto sério. Onaldo fecha o livro com a história do lobisomem doméstico que teve um final feliz. Chave de ouro, como se diz. Abra a porta e sinta-se em casa.
Márcio Roberto Soares Ferreira.
Historiador
Secretário da Presidência do
Tribunal de Justiça da Paraíba.
Monólogo do meu Tempo.
Onaldo Queiroga.
Páginas 13 e 14.
terça-feira, 19 de abril de 2011
Onaldo Queiroga - Monólogos Do Meu Tempo - Apresentação
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