um conto-uma crônica
As relações entre as pessoas estão cada vez mais superficiais. A preocupação com o ter vem sucumbindo o lado espiritual. Com isso, por exemplo, na criação dos filhos, os pais voltam-se mais para encaminhá-los para um futuro promissor no campo financeiro. Dessa forma, os pais quase que os obrigam a escolher uma profissão não pelo critério da vocação, mas, que garanta a sonhada conquista material.
Será que o ter é tudo? A superficialidade das relações na maioria das vezes faz com que os pais esqueçam de indagar aos seus filhos, por exemplo: O que eles pensam da vida? Qual a profissão que desejam exercer? Quais os seus sonhos?
É raro existir no seio da família uma orientação voltada para a espiritualidade da vida. Os pais saem de manhã cedo de casa e só retornam muitas vezes à noite. Cansados, irritados, no limite do estresse, pouco conversam. Reclamam do valor da conta de energia, da água, dos cartões de crédito e se isolam no quarto. Com os olhos direcionados para a telinha, se atualizam nos noticiários sobre um roteiro de tragédias ocorridas no mundo. Depois vêm as telenovelas, um mar de discórdia familiar, de traições, de crimes e de comportamentos desviados, porém, com um toque sempre voltado para condicionar a idéia de termos que encará-los como normais.
Certa vez uma pessoa disse-me: A família, embora seja a célula mínima da sociedade, é a maior de todas elas, por ser a base que a sustenta, que a torna sólida e duradoura, é a sua célula mater. Família desestruturada é sociedade caótica e frágil prestes a explodir. Família de alicerce movediço é ambiente propicio a frutificação de filhos inseguros, problemáticos e sofridos.
A família está acima de tudo: do ouro, da prata e da mirra. Estes tesouros podem ser usados para homenagear um bem maior: A família.
Foi assim que os magos, guiados pela grande estrela, puseram as suas honrarias aos pés de nosso Senhor Jesus Cristo. Porém, o Enviado não estava só; ao seu lado estavam seu pai, José, e a mãe, Maria. Era a sagrada família.
A vida é amor, amizade, renúncia, compreensão e prazer. Mas também não devemos esquecer que só seremos felizes quando praticarmos a solidariedade, a doação e acima de tudo temos que ter fé para sempre buscar a superação das incompreensões e percalços surgidos diariamente nas nossas vidas.
A superficialidade nas relações humanas constitui uma das maiores chagas do mundo moderno. O homem se isola e desconfia de tudo e de todos, esquecendo de procurar o amor, o contato com o seu semelhante e com Deus.
Frederick Langbridge ensina: “Duas pessoas olham da mesma janela: uma vê a lama; a outra, as estrelas.”
Apesar de todas as catástrofes que rotineiramente abalam esse planeta, devemos sempre olhar pela janela das estrelas. Por isso, é que temos que nos conscientizar de que possuímos a capacidade interior de suplantar qualquer dificuldade e até de começar um novo mundo.
Onaldo Queiroga
Escritor e Juiz de Direito.
Esquinas da Vida
Capítulo I - Mundo Sem Fronteira
Tudo tem seu apogeu e seu declínio.
Páginas 23 e 24
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