segunda-feira, 25 de abril de 2011

Onaldo Queiroga -Realidade E Utopia


um conto-uma crônica
Transitamos da realidade para a utopia e da utopia para a realidade. Thomas Morus, escritor inglês, imaginou um país ideal, com um governo organizado e ótimas condições de vida para um povo equilibrado e feliz. Sua mente projetou um mundo utópico, com instituições políticas aperfeiçoadas, leis justas e bem aplicadas. Será a utopia um projeto irrealizável? Muitos cidadãos, diante das injustiças e da corrupção reinantes no mundo, acreditam que a sociedade imaginada por

Thomas Morus não passa de uma quimera, de uma fantasia. Alguns estudiosos entendem que esse grupo é composto por pessoas incrédulas, de visões negativistas e que não têm esperança num novo amanhecer.

O fato é que, às vezes, criamos leis que, na teoria, representam avanços significativos em áreas importantes da estrutura jurídico-social. Todavia, a situação real do dia-a-dia demonstra uma sensação de impotência, diante da impunidade, da corrupção e dos desmandos perpetrados por quem deveria agir com dignidade. Tais fatos deixam no ar algumas indagações: Qual o caminho que realmente devemos seguir? Devemos deixar de sonhar, ser mais realistas e compeender que aquela lei de princípios tão belos não possui efetividade e espelha apenas a sensação de impunidade? Ou devemos procurar romper os obstáculos postos no caminho da eficácia da lei, mesmo que isso importe no afloramento de danos e perdas muitas vezes dolorosas e incalculáveis? Devemos proibir a venda de armas?

O ideal seria que a proibição pretendida abrangesse não só a venda de armas, como também a sua fabricação. Os que são contra a proibição justificam que a medida não será suficiente para inibir o crescimento da criminalidade. Alegam que a proibição funcionaria, na verdade, como uma espécie de fator criminogenético. Esclarecem que, verificando a ausência de armas de defesa pessoal por parte dos cidadãos de bem, a marginalidade passaria a atuar com mais desenvoltura. Ressaltam também o fato de que o país ainda não tem um aparelhamento policial devidamente equipado e treinado para estabelecer a segurança desejada.

Por outro lado, os que defendem a proibição do comércio de armas indagam: Seria utópico lutarmos por um mundo sem armas? Devemos deixar de sonhar? Devemos esquecer o exemplo de Gandhi? Devemos atestar definitivamente a impotència do Estado? A realidade é tão dura que, às vezes nos transforma em seres incrédulos, vencidos pela contínua violência e pela terrível sensação de impunidade. O que fazer num país de leis brandas que transformam vítima em réu e vice-versa? O ideal dos ideais seria se alcançássemos a paz no mundo.

Nem tanto à terra, nem tanto ao mar. Ademais, é sempre bom lembrar a lição de Mahatma Gandhi: "De nada vale ter a fé que só consegue florescer em tempo bom, A fé, para ter algum valor, deve sobreviver à mais severa das provas".

Onaldo Queiroga
Escritor e Juiz de Direito.

Esquinas da Vida.
Capítulo I - O Mundo sem Porteira
Tudo tem seu apogeu e seu declínio...
Página 25 e 26

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