um conto-uma crônica
O Dicionário Aurélio conceitua-se sonho como uma "sequência de fenômenos psíquicos (imagens, representações, atos, idéias, etc.) que involuntariamente ocorrem durante o sono". Ou ainda, como uma "sequência de pensamentos, de idéias vagas, mais ou menos agradáveis, mais ou menos incoerentes, às quais o espírito se entrega em estado de vigília, geralmente para fugir à realidade; devaneo, fantasia."
Em outra ótica, o sonho pode ser definido como uma forma de desejo. Muitas vezes, sonhamos em possuir um objeto, ou mesmo alcançar algum intento, como concluir um curso superior, ser um grande jogador de futebol, um cantor ou um ator consagrado. Por isso, nesse prisma, o sonho é uma idéia dominante, obstinada e perseguida com muito interesse e, algumas vezes, repleta de paixão.
O sonho, sem dúvida, é tudo que resulta da imaginação, da fantasia e do mundo ilusório. No entanto, quando lutamos com obstinação e fé, muitas vezes, o que aparentemente, apresentava-se como produto de uma quimera, num clarão, como um raio relampejante, o utópico transforma-se em realidade.
Sonhar é preciso. Sonhar é o combustível inprescindível para um caminhar, uma travessia ou, até mesmo, para viver ou sobreviver. São tanto caminhos que, na verdade, temos a difícil missão de decidir por qual deles optar. É nessa hora que precisamos selecionar a melhor vereda a seguir.
Para dificultar essa decisão, em alguns instantes de nossas vidas, temos que decidir por agir com a razão ou com o coração. É nesse crucial momento que deixamos muitas vezes de nos arriscar e, com isso, deixamos de perseguir o sonho tão almejado. Fica, assim, a eterna sensação de que, se tivéssemos arriscado, certamente teríamos alcançado o nosso objetivo.
Portanto, devemos lutar por aquilo que nos possa propiciar maior prazer, alegria e felicidade. Só assim, estaremos equacionalizando os momentos de nossas vidas e os tornando em sonhos efetivamente reais. Como ensina Eleanor Rooselvelt, "não é porque as coisas são difíceis que não nos arriscamos; é porque não nos arriscamos que elas se tornam difíceis".
Muitos sonham com algo material. Porém, creio que o mundo, na verdade, suplica por um sonho maior - a paz. Apesar de ter três letras, essa palavra vem assumindo uma extensão infinita. Perplexos, asistimos diariamente ao desespero de vítimas que explodem, banhadas de sangue, diante da insanidade do homem.
Devemos continuar caminhando, sempre com a fé no peito e a coragem à mão. Por isso, concordamos com Rollo May quando afirma: "... a coragem não é a ausência do desespero; é mais a capacidade de seguir em frente, apesar do desespero". Como Santo Agostinho, acreditamos que ter fé é acreditar acima de tudo, naquilo que não vemos, pois a recompensa por essa fé é vermos justamente aquilo em que acreditamos.
Onaldo Queiroga
Escritor e Juiz de Direito.
Monólogos do Meu Tempo.
Páginas 45, 46 e 47.
Nenhum comentário:
Postar um comentário