um conto-uma crônica
Há um provérbio popular que ensina ser "o silêncio a alma do negócio". Os sábios são exemplos dessa assertiva, pois esse comportamento representa uma de suas principais características. É preciso ouvir. Sim, ouvir muito mais do que falar, já que às vezes nos perdemos nas encruzilhadas das palavras que saem de forma desconexa de nossas bocas.
É no silêncio que o nosso espírito tem condições de se encontrar com o sossego. Em momentos de silêncio, conversamos com o nosso próprio íntimo e com Deus, confessando os nossos segredos, angústias, sonhos esperanças.
Muitas vezes, nos deparamos com situações que nos atingem frontalmente, causando-nos decepção, desencantos, tristezas, revoltas, fúrias e até momentos de incredulidade. Em instantes como esses, o silêncio é um bom remédio, mesmo que ele represente, como diz o ditado popular:"ter que engolir sapo". Padre Cícero, o santo do Juazeiro, em momentos difíceis, de tempestades, costumava dizer:"Quem estiver quieto, que se aquiete mais". Numa linguagem rasteira, porém sábia, significa que há tempos na vida em que devemos nos recolher, suportando todas as intempéries e aguardando a passagem furiosa dos ventos, na certeza de que a calmaria chegará e com ela a beleza sincera de um novo tempo.
Devemos ter a certeza de que o silêncio é amigo do tempo. Pode até parecer que este vai demorar a passar, mas, como a paciência é também irmã do silêncio, então, o dia de falar chegará. A verdade da vida é única, ela é sempre bem cuidada pelo Senhor. Assim, o silêncio dos humilhados, no tempo certo, se transformará em bem-aventurança.
Chico Xavier nos ensina: "Devemos efetuar campanhas de silêncio contra as chamadas fofocas, cultivando orações e pensamentos caridosos e otimistas, em favor da nossa união e da nossa paz., em geral". Em outro momento, confessa:"Emmanuel sempre me disse: - Chico, quando você não tiver uma palavra que auxilie, procure não abrir a boca".
O silêncio, em algumas ocasiões, fala por si só, expressando muito mais do que cem palavras.É resposta que não permite réplica, pois cala qualquer um, encerra qualquer boato.
Um poeta, num certo dia, exaltou:
"Silêncio é calmaria das águas de um açude.
É a brisa do mar no alvorecer de um dia de março.
É o crespúsculo, no nascer da noite.
Silêncio é tristeza no olhar de um moribundo.
É a madrugada nos corredores da casa da última morada.
É fogo queimando a mata dos rouxinóis.
Silêncio é deitar numa rede no alpendre da Fazenda Riachão.
Ouvi-lo e senti-lo no sono noturno da santa natura.
Silêncio.
Foi Roma queimando em meio às chamas.
Foi Cristo levado à cruz.
Foi a rosa de Hiroshima.
Silêncio.
Será o terceiro milênio.
Será faca afiada cortando o vento da paz.
Será a eternidde de cada dia.
Onaldo Queiroga.
Escritor e Juiz de Direito.
Esquina da Vida
Capítulo I - O Mundo sem Porteira
Tudo tem seu apogeu e seu declínio...
Páginas 43 e 44.
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