Não tenho medo de envelhecer...
Não temo as rugas nem a pele que se solta como um lençol ao vento.
Não me assustam os cabelos prateados nem o passo lento dos meus próprios pés.
Não temo a solidão, pois aprendi a amá-la, tornei-a minha aliada, meu refúgio.
Mas há algo que me inquieta, algo que se esconde nas sombras dos anos que ainda não vivi: o destino.
Esse destino que joga com cartas marcadas, que às vezes te senta à mesa com um copo de vinho, e noutras, te deixa à espera, debaixo da chuva, sem abrigo.
Não quero ser um peso, um suspiro de resignação nos lábios de alguém.
Não quero ver nos olhos dos outros o reflexo da minha fragilidade, da minha dependência.
Não quero que o meu nome se torne sinônimo do sacrifício de alguém.
Quero ser vento, quero ser brisa, quero continuar a mover-me mesmo quando o corpo doer.
Quero que a minha velhice seja um poema de liberdade, um café com cheiro de memórias.
Uma tela que ainda busca o seu último toque de pincel.
Não temo a velhice.
Temo perder-me num destino que não escolhi."
D/A
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