quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Luiz Renato de Araújo Pontes. - Agressão A idosos

maturidade

Em 28 de setembro do corrente ano, o caderno "Cidade" do jornal Correio da Paraíba, traz uma matéria com a seguinte manchete:

" Dois idosos são agredidos a cada três dias".


Nesta matéria, veicula-se que 90 das ocorrências são provocadas por filhos e/ou netos. Ora, se a agressão a um idoso é motivo de indignação para todos nós, choca ainda mais, saber que essas agressões partem na grande maioria daqueles que deveriam retribuir o carinho e o amor àqueles que o conceberam.

Acredito que maior do que a dor e o sofrimento físico proveniente das agressões desleais de seus filhos e netos, é a dor da alma, ferida pela ingratidão daqueles que um dia foi gerado com o amor de seus pais.

Imagino que naquele momento de tristeza desfila recordações:

quantas noites de sonos não foram "perdidas" colocando-os carinhosamente para dormir, levantando na madrugada para dar o remédio na hora prescrita pelo médico pediatra; levando e buscando-os nas escolas todos os dias; fazendo, muitas vezes, economias para comprar um presente no intuito de festejar o dia da criança, enfim, uma vida toda voltada para seus filhos.


Mesmo com todo o sofrimento da alma e tendo consciência que cumpriu o seu papel seja como pais ou avós, ainda assim são incapazes de condenar seus agressores, ao contrário, busca saber onde ou como erraram, enfim, procura justificativa.

A vida de um idoso não é fácil no Brasil. Vivemos em um país que não preserva seu passado e consequentemente não tem respeito pela sua história. Nesse sentido o idoso que deveria ser respeitado pela contribuição que deu e continua dando com o conhecimento construído e acumulado ao longo da vida, é, arbitrariamente, violentamente e brutalmente, tratado como um problema, um encargo ou até mesmo um atraso para o Estado, para a sociedade e para muitas famílias.

Presenciamos e convivemos diariamente com situações deste tipo. Seja nas ruas, no trânsito, nos hospitais, nos estabelecimentos públicos e privados e/ou nas casa de família.


O cantor e compositor belga, Jacques Brel, em sua canção "Les Vieux", ressalta que os "velhos não se deslocam mais, o mundo deles é muito pequeno. Eles ficam da cama para a janela, depois da cama para a poltrona e depois da cama para cama". Pois é! O mundo é muito pequeno para os idosos, enquanto que para os jovens o mundo é muito grande

Aos jovens digo, é exatamente com a cumplicidade, a interação e a afetividade, e, com a sabedoria dos idosos que poderemos conquistar esse mundo sem maiores atropelos.

Enfim, senhores jovens, devemos compreender que, igualmente, recebemos o que damos. Portanto, a forma como nós tratamos os idosos de hoje, poderá, quiçá, a maneira de sermos tratados amanhã.

Luiz Renato de Araújo Pontes.
Reitoria. UFPB
Publicado no Jornal Correio da Paraíba.

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