Fátima Araujo - O Despertar

um conto - uma crônica

O fato é que o povo brasileiro está começando a despertar da ilusão de uma democracia que nunca existiu. O povo está cansado dos desmandos e da corrupção, mostrando que a consciência nacional pode até viver em negociação, mas ainda não foi vendida, nem perdeu a dignidade.

Manifestações por todo o país atestam que os brasileiros estão chegando ao seu limite. Não é mais possível se assistir a tudo, passivamente, como se a pátria pertencesse unicamente aos políticos inconsequentes e burgues deslumbrados que vivem do suor dos explorados. E  da dor dos descamisados que nunca terão direito à saúde básica, nem à educação, nem mesmo ao pão, porque este foi trocado por votos em forma de senhas que se chamam bolsa-isso, bolsa-aquilo. É a revolta dos que não têm direito à vida bela e digna que só chega para os privilegiados e apaniguados do sistema.

Milhões de pessoas foram às ruas, nesses últimos dias, para cobrar ações do governo e impedir o aumento no preço do transporte público. Enquanto isso, políticos corruptos ainda ousam doutrinar e proferir palestras, outros parecem vitalícios no Senado, outros tantos se arvoram de bonzinhos para manipular o povo e garantir votos. A presidente diz que são atos de democracia, mas no fundo é consciente de que não está agradando, de que não tem pulso forte para conter a inflação e de que paira uma ameaça ao seu poder engendrado na cartola de um Lula que um dia ousou trocar pão por ideologia.

O povo precisava mesmo despertar, pois a longa noite das trevas não poderia se perpetuar. Agora, precisamos apreciar os primeiros raios de luz que deverão clarear as mentes egoístas e ambiciosas dos mandatários, nem que seja pelo medo de perderem seus tronos.

Fátima Araújo

Jornalista

Publicada no jornal Correio da Paraíba

Acalanto

25/06/2013 
Thiago Casoni e Mano de Carvalho