O que se viu nas ruas de João Pessoa ontem reacende a chama de que nem tudo está perdido. O brasileiro e paraibano não perdeu a capacidade de se indignar, de sair de casa carregando no braço um cartaz e no peito um sentimento de mudança transformadora da realidade ainda dura para tantos e tantos irmãos.
O recado que se espalhou a partir da concentração do Lyceu Paraibano é absolutamente nítido,como o azul da tarde testemunha de um largo ato cívico e democrático. O povo, que se sacrifica para encher os cofres da União de impostos, quer serviços públicos ao menos dignos na saúde, educação, transporte e segurança.
Se só podemos mudar pela política, que os políticos com seus respectivos mandatos, eleitos pela expressa vontade popular, os partidos e suas instâncias, e as instituições sociais assumam de uma vez a tarefa da construção de um grande e amplo pacto pela construção de um Brasil do tamanho de sua gente.
Tem razão o cientista político Flávio Lúcio Vieira, da UFPB. O que a juventude que foi às ruas ontem quer se resume numa palavra: perspectiva. Ela almeja sofrer menos que seus pais para ascender na vida e sonha poder ver seus filhos com mais chances e menos dores na caminhada do futuro por uma vida decente.
Mas a reflexão imposta por faixas, bandeiras, cores e bordões a ecoar pelos ouvidos do poder não pode e não deve se restringir as ditas autoridades, alvo da rebeldia juvenil. Que cada rastro deixado ontem pelas ruas de João Pessoa promova uma revolução no íntimo de nós mesmos ao ponto de nos inquietar com uma pergunta bem no profundo de cada consciência: o que tem balizado nossas escolhas quando quando estamos livres na solidão da cabine de votação?
Heron Cid
Jornalista e Repórter Político da Rede Correio SAT de Rádio,do programa Correio Debate e da Rádio CBN João Pessoa.
Publicado no jornal Correio da Paraíba
Caderno Política
Edição de 21/06/2013
Foto: Thiago Casoni e Mano de Carvalho
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