quinta-feira, 15 de maio de 2014

Onaldo Queiroga - Olhares



um conto-uma crônica


É através do olhar que descortinamos as mazelas e também das maravilhas do mundo. A visão e um portal que Deus nos entregou para facilitar nosso viver. Por meio dele nos é permitido detectar a luz, e transformando essa percepção em impulsos elétricos temos a oportunidade de visualizar o melhor caminho a ser seguido, os jardins, suas flores e rosas, o rio e sua correnteza,o mar e a imensidão de suas águas, as montanhas com suas pedras e abismos.

Há quem carregue um olhar negativo, esses são também chamados de "olho gordo", que é filhote da inveja, que é atinente àquelas pessoas que vivem olhando para o umbigo do vizinho e que não buscam vencer por seus próprios méritos, mas sempre com o olhar voltado para o prazer em encontrar insucesso naqueles que o rodeiam. De outro lado, temos os que trazem o denominado olhar indiferente, que como diz Malcolm Chazal, é considerado "um perpétuo adeus". Esses olhares insignificantes só merecem o menosprezo, prefiro o olhar positivista, da alegria, da felicidade, do otimismo e da obstinação.

Olhares, são tantos, e neles ficamos a imaginar: quantos mundos nossos cabem em cada um deles? O olhar é a cancela aberta para os pesadelos e sonhos dos homens. Mas sou dos sonhos, do voo da liberdade, da solidariedade, da paz e do amor. O poder do olhar é grandioso, tanto o é que grandes pensadores da humanidade já testemunharam sobre essa força. Por exemplo, a sensibilidade de Mário Quintana promulga que "quem não compreende um olhar, não compreenderá uma longa explicação". Já Leonardo da Vinci nos afirma que "as mais lindas palavras de amor são ditas no silêncio de um olhar". Contudo, há um olhar que mesmo com os olhos fechados, mergulhados na escuridão, nos permite também visualizar sonhos, viajar no imaginário, no túnel do tempo, buscar imagens, momentos próximos, até mesmo muito distante, num passado que ainda nos revira o nosso âmago. Falo do olhar da alma, do espírito que habita nosso corpo.

Não é à toa que William Shakespeare, certa feita afirmou que "o olhar   é a linguagem do coração", ou seja, num sentido figurado, o coração é a nossa própria energia espiritual, que nos conduz, que alimenta sonhos e a fé, combustível do nosso viver. Esse olhar da alma é algo fantástico, pois ao fechar os olhos começamos a viajar, e num curto espaço de tempos passamos, incrivelmente, por tantos lugares, relembramos infinitos diálogos e até projetamos estratégias para melhores dias.

Diante de inúmeros desencontros, a humanidade precisa repensar seu olhar. Como diz Antoine de Saint-Exupéry, escritor, ilustrador e piloto da Segunda Guerra Mundial:"Amar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção".

Onaldo Queiroga é juiz de Direito 

Publicada no jornal Correio da Paraíba
Edição de 06/07/2013
Opinião

Nenhum comentário:

Postar um comentário