domingo, 8 de junho de 2014

Fátima Araújo - Amor E Dignidade

Um conto-uma crônica

Lembrei-me agora daquela senhora de 105 anos que, aqui na capital paraibana, em fevereiro de 2003, ao ser questionada pela Previdência Social, provou que existia e vivia com a aposentadoria de um salário mínimo. Apesar de não andar mais, vivia dignamente, ela e suas netas que lhe dedicavam o mais belo sentimento do mundo: o amor ao próximo.

Sentia-se na entrevista que a dignidade era o que importava: as netas declararam que o dinheiro da pensão deixada pelo avô só dava para comprar fraldas geriátricas e alguns medicamentos. E que elas seriam as primeiras a dar baixa no benefício, no dia em que a avó desaparecesse. Ofendidas com a desconfiança das entidades previdenciárias, tudo o que queriam era mostrar sua dignidade. Elas eram pobres, só não tinham dinheiro!

A dignidade e o amor andam juntos, de mãos dadas. O amor é realmente a força mais potente que existe no mundo. E para lembrar o iluminado Mahatma Gandhi, vejamos o que ele disse de sentimentos tão belos: "O amor e a verdade estão tão unidos entre si que é praticamente impossível separá-los. São como duas faces da mesma medalha".

No caso daquelas netas benfeitoras, a mãe de uma delas não existia mais, enquanto a mãe da outra, na época, residia no Sul do país e nem se lembrava mais da própria mãe. Mas as netas ali, presentes, com a maior responsabilidade do mundo, exercitando um tipo de amor que praticamente foi riscado do mapa, nos dias atuais.

Pareciam até dois anjos descidos do céu, para amparar um ser inválido. E como o amor deveras nutre, faz crescer e florescer, certamente a vida daquela senhora era mais bela por conta do sentimento dessas criaturas que honram a raça humana.

Fátima Araújo
Jornalista

Publicada no jornal Correio da Paraíba
Edição de 29/04/2014  
Acalanto

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