Fernanda Montenegro
A dama do teatro e da TV
Aos 88 anos, Fernanda Montenegro segue dando um show de interpretação, emoção e dedicação ao ofício que tanto ama.
Fernanda Montenegro na novela O Outro Lado do Paraíso
Difícil falar, em poucas linhas, de uma atriz com o talento , carisma e historia de Fernanda Montenegro, que está arrasando como a sensitiva Mercedes, em O Outro Lado do Paraíso. Com mais de 70 anos de carreira, a veterana é uma unanimidade nos palcos, nas telonas ou frente às câmeras de TV.
Rádio com escola
Ela nasceu Arlette Pinheiro Esteves da Silva, no subúrbio do Rio de Janeiro e, aos oito anos pisou em um palco pela primeira vez, em uma peça na igreja. Mas o início pra valer foi no rádio, como locutora. "A rádio foi a universidade que não tive, explicou ao Memória Globo.Logo tornou-se redatora e radioatriz e adotou o nome artístico que conhecemos hoje.
Pioneira
Fernanda Montenegro na novela Baila Comigo
O primeiro trabalho profissional no teatro foi em 1950, com o marido, Fernando Torres. Na telinha, Fernanda foi a primeira contratada da Tupi (1951), onde fez vários teleteatros. Em 1965, na recém-inauguração Globo, também levou o teatro para a TV e somente em 1981, estreou em novelas na emissora, na trama Baila Comigo.
Fernanda Montenegro e Paulo Autran na novela Guerra dos Sexos
E foram muitos papéis marcantes como a Charlô, de Guerra dos Sexos, na incrível parceria com Paulo Autran.
Fernanda Montenegro e Gianfrancesco Guarnieri na novela Cambalacho
E como a Naná, de Cambalacho. Premiada em todas as áreas, Fernanda é a única atriz brasileira que concorreu ao Oscar .
Fernanda Montenegro e Vinícius de Oliveira no filme Central do Brasil.
Em 1998, foi indicada por sua atuação como a Dora, no filme Central do Brasil.
Fernanda Montenegro
A grande atriz, que vive uma senhora homossexual em Babilônia, da Globo, discute amor, sexualidade e preconceito.
Decididamente, este não é um desafio para uma atriz apenas talentosa... E sim para uma grande estrela. Aos 85 anos, Fernanda Montenegro vai dar o que falar com sua Teresa, na novela Babilônia, que acaba de estrear no horário nobre da Globo, no lugar de Império.
Como Estela e Teresa
Na trama de Gilberto Braga, João Ximenes Braga e Ricardo Linhares, a personagem de Fernanda é uma advogada rica, bem-sucedida, sensível, sábia, homossexual e casada com Estela (Nathalia Timberg) há 40 anos. No cotidiano das duas, além de muito amor e compreensão, há uma série de problemas que elas vão resolver juntas.
Fernanda Montenegro no especial Doce de Mãe
A grande dama do teatro, cinema e televisão já fez mais de 20 novelas, 30 filmes e 24 peças, foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz, em 1999, por sua atuação em Central do Brasil (1998) e ganhou o Emmy Internacional pela interpretação de dona Picucha no especial de final de ano da Globo, Doce de Mãe (2012).
Na telinha
1964 - Sonho de Amor
Camila
1969 - Sangue do Meu Sangue
Julia
1981 - Baila Comigo
Silvia Toledo
1983 - Guerra dos Sexos
Charlô
1986 - Cambalacho
Leonarda ( Naná)
1990 - Riacho Doce
Vó Manuela
1991 - O Dono do Mundo
Olga
1993 - Renascer
Jacutinga
1997 - Zazá
Zazá
2010 - Passione
Bete Gouveia
2015 - Babilônia
Teresa
2017 - O Outro Lado do Paraíso
Mercedes
Na entrevista a seguir, ela fala de Teresa, do prazer de trabalhar com Nathalia, de preconceito, sexo e amor. Acompanhe nosso papo emocionante!
1964 - Sonho de Amor
Camila
1969 - Sangue do Meu Sangue
Julia
1981 - Baila Comigo
Silvia Toledo
1983 - Guerra dos Sexos
Charlô
1986 - Cambalacho
Leonarda ( Naná)
1990 - Riacho Doce
Vó Manuela
1991 - O Dono do Mundo
Olga
1993 - Renascer
Jacutinga
1997 - Zazá
Zazá
2010 - Passione
Bete Gouveia
2015 - Babilônia
Teresa
2017 - O Outro Lado do Paraíso
Mercedes
Na entrevista a seguir, ela fala de Teresa, do prazer de trabalhar com Nathalia, de preconceito, sexo e amor. Acompanhe nosso papo emocionante!
TITITI - Qual foi sua reação quando Gilberto Braga a convidou para interpretar uma homossexual?
Fiquei feliz. Já que em toda novela abordam os casais gays, estava na hora de ir além da descoberta da sexualidade, se vai casar, não vai casar, se vai ter beijo, não vai ter beijo, se vai ser de língua ou não (risos).
TITITI - Ao ler o roteiro, qual a primeira impressão que teve sobre a Teresa?
Ela é uma mulher consciente, mas não de uma consciência fria. Ficou rica por viver pelo coração, pela intuição, e não só pelo cérebro. Ela sente, reflete e propõe.
TITITI - O que mudou em relação ao preconceito contra a homossexualidade nos últimos anos?
A humanidade é cheia de preconceitos, não apenas contra a homossexualidade. Está em todos os níveis, de branco, de preto, de olho preto, azul, de cabelo pixaim... De convívio no estrelaçamento das classes sociais: o que mora no subúrbio, o que mora na zona sul.
TITITI - Mas hoje é mais disfarçado, não é mesmo?
Sim! As pessoas bancam 'as moderninhas' publicamente, mas não querem "esse problema" dentro de casa.
TITITI - Haverá alguma cena quente entre sua personagem e a de Nathalia?
Não tenho mais essas expectativas eróticas. Tudo está assentado como em qualquer casamento longevo, inclusive entre heterossexuais.
TITITI - Na sua opinião, as pessoas ainda mostram estranheza em relação ao amor na terceira idade?
As pessoas que acham isso são jovens ou se pretendem jovens. Mas elas vão chegar à minha idade e saberão que isso é preconceito. E de preconceito nós estamos cheios! Cheios por existirem muitos, e cheios porque está na hora de lutar contra isso.
TITITI - A homossexualidade não vai ofuscar as outras tendências da Teresa?
Não, porque eu vou te dizer...Dentro de casa, cada uma de nós, ao seu modo, tem uma solução a dar a problemas muito mais desesperadores. O que acontece não é 'hoje eu vou dormir com fulano ou não vou dormir'. A questão é: como é que eu posso, na medida em que eu amo essa pessoa, ampará-la numa crise que sei que ela está vivendo?
TITITI - Como Teresa ajuda Estela, que tem problemas sérios com a filha, Beatriz (Gloria Pires)?
A Teresa não deseja fazer sua companheira de 40 anos sofrer. Na medida em que ela pode, vai escamoteando, resolvendo as coisas diretamente com a monstrinha. Por sua vez, Estela sabe que a filha é uma perdida, mas segura as pontas. De alguma maneira, nós duas temos a mesma conduta, cada uma querendo salvar a outra do pior da vida.
TITITI - A novela aborda a ambição e mostrará como as pessoas são complexas. Você concorda que existe o bem e o mal dentro de todos nós?
Todos nós temos um lado demoníaco. Ninguém é bonzinho! Então, você tem o livre-arbítrio, consciência para saber o que guardar e o que jogar fora. Agora, se você cultua seu lado demoníaco... Bom, você tem até direito de fazer isso, já que estamos falando de opção.É, isso depende da escolha de cada um.
ITITI - Como é trabalhar com a Nathalia, sua amiga de longa data, e ainda mais com personagens tão audaciosas?
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É muito interessante. Eu e a Nathalia temos a mesma idade, a mesma experiência profissional, a mesma formação que veio por intermédio de uma dramaturgia de primeiríssima qualidade: o teatro. Somos vocacionalmente definidas como mulheres de palco, de teatro. Tivemos pela vida encontros com grandes atores do Brasil, com extraordinários diretores que nos prepararam... O encontro com Nathalia não é só um encontro entre duas atrizes de idade. Estamos nos reencontrando num canal que temos pela vida.
TITITI - O que você gostaria de ver mais nas novelas?
Gostaria de que elas tratassem mais sobre o amor de velhos, de terceira, quarta, quinta idade. E também que falassem da hanseníase, da recuperação de leprosos. Mas, antigamente, ter tuberculose era um deus nos acuda. Existem zonas escuras e fragilidades humanas que precisam ser abordadas.
TITITI - No seu entender, Babilônia pode mudar a cabeça de quem tem preconceito?
Acredito que a novela tem esse poder, ao mostrar de forma natural a vida de um casal homossexual com seus entrosamentos todos. Com sogras, sogros, netos, bisnetos, tios, e toda a família aceita. Talvez os heterossexuais possam estar se separando aos montes, mas os gays estão se casando aos montes (risos). Há uma atitude de confirmação religiosa e civil, de que se reconhecem dois homossexuais formando um par para a vida e uma família.
TITITI - A relação de Teresa e Estela traz uma nova perspectivas sobre o amor?
Em primeiro lugar, é mais uma demonstração de que existem esses pares na vida. É esse o trabalho que a tevê tem feito, de bater ali como se fosse uma bigorna até o ferro moldar.
TITITI - Já sofreu algum de preconceito na vida?
Se sofri, eu tive raciocínio para acabar com ele. O problema é você não se dar a chance e se propor, chegando à conclusão de que isso tem que sanar ali. Você precisa ter consciência sobre a vida, saber o que quer dela!
Entrevistada por Daniel Vilela, com a colaboração de Guilherme Guimarães.
Publicada na revista TITITI
Edição de 20/03/2015 nº 862
Fernanda Montenegro
Foto: TV Globo/Divulgação - Viva - Gshow Globo.com
Por Flávia Serra
Publicado na revista TV Brasil n/n 924
Trajetória
Por Flávia Serra
Publicado na revista TV Brasil n/n 924
Trajetória
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