segunda-feira, 20 de março de 2017

Onaldo Queiroga - Velhos Carnavais



Um conto-uma crônica

Parece que foi ontem, mas já faz um bom tempo que o Carnaval era bem diferente.

Me recordo que nas décadas de 1970 e 1980 o sábado de carnaval era o dia do mela-mela. Mas  o que era o mela-mela Os envolvidos na brincadeira de carnaval saíam pelas ruas sob o som de uma pequena orquestra de metal e por onde passavam, usando colorau, maisena e talco, faziam a festa melando todo mundo que encontravam pela frente.

Já no domingo, havia molha molha. Recordo-me bem lá em Pombal, o pessoal usando camioneta e jeep, colocavam um tambor grande cheio d'água em cima desses veículos e saíam pelas ruas e também entravam em algumas casas de amigos para fazer a brincadeira de  molha molha.

Lembro-me que uma vez estávamos na casa do meu avô Antônio Rocha, na cidade de Pombal, numa manhã de domingo, e, de repente, om jeep de seu Aureliano Ramalho entrou na garagem da casa. Com um tambor em cima do carro, ele desceu e pegou todos de surpresa, ou seja, molhou todos que estavam no terraço. Então, todos tiveram que aderir a brincadeira, ligaram a radiola, colocaram um disco de carnaval e a festa continuou.

Mas naquela época também tinha o chamado corso carnavalesco, que ocorria sempre no final das tardes dos dias de carnaval. Consistia no desfile de diversos carros enfeitados, levando foliões fantasiados e que cantavam, bebiam e faziam a alegria contagiar o mundo.

E os clubes? O carnaval também acontecia nos clubes sociais. Comandado por grandes orquestras, os bailes tomavam conta das noites carnavalescas, onde a sociedade se reunia e marcava o passo do frevo, e, todos saíam pelo salão ao som das marchinhas e sambas imortais.

Velhos tempos, velhos carnavais que não voltam mais.

Onaldo Queiroga é escritor e Juiz de Direito.

Publicada no jornal Correio da Paraíba 
Edição de 25 de fevereiro de 2017
Opinião 

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