quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Carlos Romero - A Caminhada Do Tempo


Seria ótimo se não houvesse despedida em nossa vida, como a do ano que passou...Acontece que estamos sempre dizendo "até logo", "tchau", "até amanhã". Estamos sempre nos ausentando, sempre de braços dados com a saudade, que nada mais é do que fome de presença.

E estamos sempre em busca de um reencontro. E haja telefonemas. Antes eram as cartas, hoje são os e-mails, os torpedos, as mensagens pelas redes sociais. E celular nos ouvidos é só o que se vê. Nos ouvidos e nos dedos. Com o celular ficou fácil a comunicação. Com a tecnologia digital, tornou-se possível até ver o rosto da pessoa com quem falamos pelo telefone. Mesmo se estivermos no Japão, podemos entabular uma conversa ao vivo e a cores pelo tal do smartphone.

Mas, quantos já saíram de nossa vida sem um "até logo", um "até já". Foram-se em silêncio. Ausentaram-se por algum tempo. Será que para sempre?... Eis a grande dúvida de muita gente. A comunicação seria apenas para os  chamados vivos. Se assim é, que sentido tem a vida? Viver é comunicar-se. Que as despedidas não sejam para sempre. Que voltem os acenos de retorno e que possamos dizer: "que bom que nos encontramos novamente..."

E eu fico monologando: "Puxa, como o tempo passou rápido..." Mal comemoramos o nascimento de 2018, e ele já está com 10 dias. O gosto de champanhe ainda está na nossa boca e os fogos nos nossos ouvidos.

Mas, ninguém está se lembrando de fazer esta reflexão sobre o ano que se iniciou, sobre o tempo que passa. E que lição a extrair dessa advertência das horas, dos minutos e dos segundos?A advertência de que a coisa mais importante de nossa vida é o tempo. Que não devemos deixá-lo passar em vão, inutilmente. Que tempo é como o solo. Se nada semearmos nele, o que é que vamos colher?

Não, não deixemos que o tempo passe inutilmente em nossa caminhada invisível e silenciosa.

Carlos Romero - Da Academia Paraibana de Letras 

Publicada no jornal Correio da Paraíba
Edição de 09 de janeiro de 2018
Opinião

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