sábado, 14 de julho de 2018

Carlos Romero - Casinhas De Porta E Janela



um conto - uma crônica

Vi no jornal uma foto que muito me comoveu. Ela focava dez a quinze casinhas populares, juntinhas uma das outras, como num rosário. Casinhas de porta e Janela, com dois cômodos apenas, a sala de visita e a sala de jantar. Ignoro se elas estiveram no projeto de algum arquiteto.Acho que não.

Ocorre que todas essas casinhas, destinadas às comunidades de baixa renda, são iguais. O que uma tem, todas têm. E como diferem dos modernos condomínios chamados verticais, que a gente só em olhar, sente tontura. Cada qual com centenas de apartamentos e dezenas de andares. Apartamentos juntos, a exemplo das casinhas populares. Mas, com a inconveniência de seus moradores terem de descer e subir num elevador. Nelas, prepondera a horizontalidade. Diz-se-ia que todas estão de mãos dadas. Melhor ainda, todos se conhecem. Todos se sentem irmãos. Ninguém ai dizer: minha casa é melhor do que a sua.O que uma tem, todas têm.

Nos edifícios de apartamento dos bairros 'chiques', nem todos se conhecem. E nos prédios, muitos nem chegam a se falar quando se encontram no elevador. A solidariedade humana é mais comum entre as pessoas carentes. Estou certo que nas casinhas populares, a maioria se sente como irmãos. Seja na alegria, seja na tristeza, seja na doença, seja na saúde, seja na fofoca. E nada de eclusas, cercas elétricas ou guaritas com vigilantes.

Mas, o bom mesmo é não precisar de elevador para subir e descer. Nem de estacionamentos, pois todos não possuem carros, a não ser uma moto ou uma bicicleta.

O que estão faltando às casinhas são piscina, salão de jogos, quadras esportivas, etc. Mas nelas vale a pena sentir o vento, a brisa. Vento natural, muito diferente do vento produzido pelos condicionadores de ar dos luxuosos apartamento.

E para concluir, é bom lembrar que aquelas casinhas de mãos dadas não violentaram a ecologia.

Carlos Romero, Professor.

Publicada no jornal Correio da Paraíba
Edição de 12 de junho de 2018
Opinião 

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