Engana-se aquele que pensa que a depressão só reside em lugares calmos, tranquilos, de poucos habitantes. As estatísticas demonstram que é nas grandes metrópoles que se registra a maior incidência desse mal tão terrível.
No meio da multidão, pessoas se retraem sob o bastão do medo, da desconfiança e da frieza das relações humanas. Retiram das gavetas do eu as ansiedades, desilusões, decepções e a incredulidade dos tempos atuais e, terminam por abrirem a porta para a indesejável solidão, que logo asfalta a estrada para a depressão.
Velhos, crianças, homens e mulheres, no vai e vem frenético não reservam tempo para o sorriso. Correm contra um relógio impiedoso de uma concorrência que não admite atraso. Mas, que atraso? Não sei. Como figura automatizadas, vão de um lado para outro velozmente, numa busca insistente pela conquista, uns da sobrevivência, outros por um degrau maior na escada do materialismo dessa sociedade tão contraditória e, alguns poucos, vivem a contabilizar o crescente aumento de suas riquezas diante de uma engrenagem déspota.
Nas gaiolas de concreto a solidão tem como nutrientes o som do vento, que ao passar pela fresta das janelas, provoca um zumbido horripilante decorrentes do estridente barulho das buzinas, do ronco dos motores, dos paredões sonoros, integrando-se ao esquálido mundo entre quatro paredes.
Para dizer xô a depressão, é preciso ouvir outros sons, o dos
passarinhos, o das águas das corredeiras ou do falar murmurante das ondas do mar. Esses trazem paz ao espírito, intermedeiam o diálogo entre homens e natureza, que os aproximam de Deus. É necessário preservar a família e conversas sempre com Deus, pois só Ele para nos afastar do inferno que habita a depressão.
Onaldo Queiroga
Juiz de Direito
Publicada no jornal Correio da Paraíba
Edição de 25 de agosto de 2018
Opinião
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