domingo, 2 de dezembro de 2018

Diabetes Causa Cegueira? Médico Do AM Explica A Retinopatia Diabética




Assim como o diabetes, a retinopatia diabética não tem cura, mas pode ser tratado e controlado, conforme explica o oftalmogeriatra Swammy Mitozo | Foto: Andreza Cunha/ Em Tempo

Manaus - Já imaginou não poder trabalhar, ver TV, nem dosar a quantidade de remédio e ainda deixar de fazer coisas simples do dia-a-diapor estar cego em decorrência do consumo excessivo de açúcar? Parece mito, mas é uma possibilidade real. De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), mais de 13 milhões de brasileiros têm diabetes, que se não controlada causa a retinopatia diabética, doença que afeta os olhos, podendo levar a perda parcial ou total da visão.

Diagnosticada com diabetes tipo 2 há 15 anos, a amazonense do Seringal do Pupunha, localizado no município de Carauari (a 788 km de Manaus), Raimunda Santos, de 61 anos, sofre há cinco anos com a perda de visão, que segundo o, é uma das consequências do diabetes.

"Nos dias que eu acordo com vista totalmente negra ou ela fica turva de repente é porque minha glicose está muito alta. Apesar de tomar insulina duas vezes ao dia e ainda tomar uma pílula, hoje eu não vejo mais os rostos das pessoas e televisão pra mim virou um rádio, que eu só ouço, porque enxergar mesmo eu não enxergo", explicou a dona de casa.


| Foto: Marcely Gomes/ Em Tempo

De acordo com Raimunda é muito difícil perder a independência por conta da cegueira, que vem aumentando com o passar do tempo.

"Eu trabalhei na roça no interior, fui feirante aqui em Manaus e de repente eu não consigo aplicar a injeção de insulina. Não poder sair pra trabalhar, ficar totalmente dependente dos outros é muito triste. Hoje meus filhos dizem que tudo o que eu tinha que trabalhar já trabalhei e que agora eles vão me ajudar, mas é difícil me conformar com isso. Eu tenho medo de ficar cega, porque é muito triste ficar em casa só pensando em doença", relata Raimunda.

A doença

De acordo com o oftalmologista geriátrico Swammy Mitozo cerca de 60% dos diabéticos tipo 2 vai desenvolver a retinopatia diabética em alguma fase da vida e esse dado é ainda maior para os pacientes do tipo 1, podendo chegar a 90% de pessoas com complicações oculares.

"A retinopatia diabética pode gerar algumas complicações como deslocamento de retina, edema na mácula e lesões hemorrágicas. O excesso de açúcar que circula no sangue faz com que os pequenos vasos da retina fiquem muito delicados e lesionados causando obstrução, edema, ruptura, sangramento e nos casos mais graves a cegueira total", explicou o oftalmo.

Mitozo disse que o paciente diabético sofre com a doença há bastante tempo e a retinopatia demora a se manifestar. Há casos onde os pacientes descobrem que são diabéticos por conta de problemas visuais, e isso quer dizer está pelo menos cinco anos sem tratamento.

"As vezes demora até cinco anos para aparecer alguma manifestação física, pois é uma doença progressiva. Levando em conta que é uma enfermidade que muitas vezes não tem diagnóstico prematuro, a ideia hoje em dia é fazer com que as pessoas façam seus check-ups e se atentem para as complicações, porque a retinopatia diabética é uma das muitas mazelas que o diabetes pode causar", disse o médico.

Cuidados

Assim como o diabetes, a retinopatia diabética não tem cura, mas pode ser tratado e controlado, conforme explica o oftalmogeriatra.

"Para você não sofrer com retinopatia diabética é importante controlar a glicemia. Para o paciente que também é hipertenso deve controlar a hipertensão, o colesterol e os triglicerídios. Além de tudo isso é importante fazer atividades físicas e ter uma alimentação balanceada. Fazendo isso, raramente um paciente vai evoluir rapidamente para a retinopatia diabética", elencou Mitozo.


| Foto: Marcely Gomes/ Em Tempo

Ainda segundo o médico toda pessoa precisa fazer um check-up anual para saber se é diabético ou não, antes de tudo. A partir desse momento fazer o tratamento do diabetes com as indicações médicas adequadas.

"Diagnosticado com diabetes, é importante que o paciente procure um oftalmo para avaliar a retina e depois dos resultados fazer exames periódicos para acompanhar a saúde dos olhos. Quanto mais cedo o diagnóstico, menos complicações surgem passando e mais tardio a doença evolui para a cegueira", disse Swammy.

Não precisa ter diabetes para tomar cuidado

O médico alerta a população, independente de diabético ou não, sobre a importância de se consultar com um oftalmologista.

"Independentemente da idade e se use ou não óculos, o ideal é ir a um profissional verificar a situação dos olhos pelo menos uma vez ao ano. Pessoas que ficam muito em celular e computador podem sofrer com olho seco e precisar de um colírio. Para não comprar colírio sem qualquer indicação, o melhor é procurar um oftalmo" disse Mitozo.

O médico indica aos idosos que eles "tenham bons hábitos de vida, façam atividades físicas, tenham uma alimentação balanceada, controlem a hipertensão, o colesterol e triglicerídeos. essa é uma regra que funciona 100%. O paciente tem qualidade de vida, vive bem e sem complicações", finalizou o oftalmogeriatra.

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