Carlos Romero
Por Germano Romero
Quase um século... que bênção! Um século de felicidade, saúde, inúmeras realizações, religiosidade e muito amor.Viver assim, vale a pena.
No amor, nem se fala. O seu coração lembrava um alvo de arco e flecha, para onde todas as expressões de afeto e admiração miravam e acertavam.
No dia seguinte, ao seu desenlace, uma sobrinha, que mora fora, telefona e diz "Tio Carlos nasceu para plantar alegria no coração das pessoas"... Pura verdade. Desconheço o ambiente que não se alegrava ao vê-lo chegar. E olhem que o acompanhei infinitas vezes, aqui e alhures.
Muitos amigos confessam a sua admiração por nossa amizade, como se pai e filho não tivessem nascido para ser amigos, ora vejam só E muitas vezes respondi: não há tesouro mais valioso na vida do que ter no pai o melhor amigo.
E como foi gostoso viajar com ele por esse mundo afora. Admirar a meiguice com que ele olhava para coisas que quase ninguém presta atenção.Sobretudo, o lado humano e as mensagens que captava sutilmente na natureza.
Cera vez, viajando de Liverpool para Edimburgo, tendo como paisagem os verdes campos escoceses, salpicados de ovelhas, ele disse: "Essas ovelhas se parecem muito com algumas pessoas, que vivem maquinalmente sem observar as belezas da vida.diante de um cenário tão belo e de um céu tão encantador, elas não tiram a cara do chão. Só pensam e comer..."
Essas e outra mil observações, muitas vezes no transcurso do cotidiano, revelavam-nos sua sensibilidade , extremamente delicada, diante da existência , através da qual nos beneficiávamos e crescíamos bebendo de sua sabedoria e amadurecendo com ele.
Foi um desfrute de aprendizados de quase um século, diuturnamente usufruído. Mesmo nos últimos meses, com menos saúde física, ele era um exemplo de paciência, serenidade e reflexão.
Seríamos imensamente ingratos se não aceitássemos que já era hora dele voar...
Germano Romero
Arquiteto e bacharel em Música.
Publicada no jornal Correio da Paraíba
Edição de 11 de janeiro de 2019.
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