sábado, 12 de janeiro de 2019

Homenagem A Carlos Romero- O Amado Mestre

Carlos Romero

Por Abelardo Jurema Filho

Era assim que eu o cumprimentava, ou melhor, que eu reverenciava a sua presença iluminada: "amado mestre". O cumprimento , sempre respeitoso e afetivo, era fruto da minha admiração por aquela figura serena, bem humorada, que parecia se divertir com o mundo onde conseguia enxergar a natureza em toda a sua plenitude. Via o que os outros não vêem  e era capaz de fazer uma crônica apenas dissertando sobre o canto de um passarinho ou sobre a beleza de uma folha verde.

Era muito parecido com o meu pai que, segundo ele mesmo me contou, havia sido seu professor de Literatura Brasileira no Lyceu Paraibano. "Abelardo era um homem extraordinário, brilhante, que conquistava os alunos e, principalmente, encantava as mulheres", dizia, com aquele jeito maroto de quem nunca se deixou envelhecer.

Um homem jovem aos 90 anos. Era como o observava nas muitas vezes que nos encontrávamos, ele sempre arrumado, com o seu suspensório e gravatinha  borboleta,cuidado e perfumado pelo filho pródigo, o arquiteto Germano Romero, que zelava por ele como quem preserva uma joia rara e preciosa. Lição de amor por inteiro, profundo e comovente.

Ao me candidatar à Academia Paraibana de Letras , contei com o seu voto. Passos lentos, mas firmes, amparado pelo braço forte do filho, caminhou resoluto à urna de votação para fazer a sua vontade e homenagear, não a mim, mas ao filho do seu velho e querido amigo. "Mas você escreve muito bem e com o coração",soprou ao meu ouvido, me estimulando a acreditar na vitória.

"Seu passado vive, presente, nas experiências contidas, nesse coração consciente, das belezas das coisas da vida", diz Roberto Carlos , em uma de suas canções.Faço minhas as palavras do Rei e as dedico ao professor Carlos Romero, o meu amado Mestre, que se encantou esta semana e agora é estrela que brilha no firmamento e que pulsa em nosso corações.

Abelardo Jurema Filho
Membro da APL.

Publicado no jornal Correio da Paraíba
Edição de 11 de janeiro de 2019
Opinião.

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