terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Mania Pode Ser Doença: Entenda O Que É O Transtorno Obsessivo Compulsivo

Tem certeza de que trancou a porta antes de sair?

Se essa pergunta lhe causa desconforto ao ponto de querer se certificar, pode ser um sinal de Transtorno Obsessivo Compulsivo, também conhecido como TOC, que, de acordo com a OMS, está entre as dez maiores causas de incapacitação para o trabalho ou relações interpessoais. O médico Antônio Geraldo da Silva, diretor da Associação Brasileira de Psiquiatria, conta que a doença pode atrapalhar ou impedir a realização de atividades cotidianas:


Foto: Divulgação

— Pacientes que apresentam o transtorno têm pensamentos incômodos ou impulsos que tomam a mente, ou seja, obsessões. Também podem desenvolver rituais repetitivos, que são as compulsões. Essas sensações estão relacionadas, já que as obsessões causam um tipo de ansiedade que só é aliviada com a realização das compulsões, sempre com atos repetitivos e feitos sempre da mesma maneira — comenta.

Uma estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) relata que existem cerca de quatro milhões de pessoas com a doença no Brasil. O relatório aponta 15 sintomas que podem ser entendidos como manias, mas que são indícios do transtorno, como repetir várias vezes uma tarefa para ter certeza de que não vai errar, ser supersticioso com números, cores, datas ou lugares e ter dificuldade em desfazer-se de coisas inúteis como jornais velhos, caixas vazias, sapatos ou roupas velhas.

O estudo da UFRGS afirma que a família e pessoas próximas podem ajudar no tratamento, dando suporte ou identificando rituais encobertos e não percebidos pelo próprio paciente, elaborando listas de rituais e também do que deve ser evitado.

As obsessões que podem tomar conta dos pensamentos de quem tem TOC são muitas, e o médico Antônio Geraldo da Silva explica que os pacientes reconhecem a origem, mas não conseguem fazer nada para impedir as compulsões:

— Normalmente, quem sofre com a doença reconhece que esses pensamentos são ilógicos ou estranhos à sua vontade e, muitas vezes, tenta resistir, porém, sem sucesso. As impressões mais comuns são a de estar sujo ou contaminado, o medo de ter esquecido uma porta aberta ou o gás do fogão ligado, rituais de lavagem ou limpeza, de verificação, de contagem, de arrumação, entre outros — esclarece o diretor da APB.

O médico, que também é presidente da Associação Psiquiátrica da América Latina, explica que cada paciente pode apresentar diferentes sintomas em diversos intervalos de tempo. Segundo ele, uma das formas de tratar é não se render às obsessões, ainda que seja difícil.

— O paciente com TOC precisa de uma avaliação realizada por um psiquiatra para diagnosticar a doença e recomendar o tratamento adequado. A intensidade dos sintomas costuma variar com o tempo, e algumas pessoas podem intercalar períodos com sinais evidentes e outros sem indícios. Há quem sofra constantemente, porém, em graus diferentes. No entanto, é possível estabilizar as manifestações com medicamentos e terapias como a cognitivo-comportamental, que expõe o paciente aos pensamentos que lhe causam desconforto, dor, incômodo, tristeza ou qualquer outra sensação negativa — recomenda.

Com o tratamento, em geral, não há uma eliminação dos sintomas. Mas entre 40 e 60% dos pacientes obtêm uma redução significativa na sua quantidade e intensidade. O especialista explica que a causa da doença ainda não é totalmente comprovada e que as crianças também podem apresentar sintomas:

— Algumas pesquisas associam o TOC a características genéticas. Essa teoria ainda é ilustrada pela manifestação do transtorno em qualquer momento da vida, desde a idade pré-escolar até a fase adulta. Sabe-se que 25% dos casos iniciam-se antes dos 14 anos de idade e 80% dos pacientes identificam o início dos sintomas antes dos 18 anos — conclui.

iBahia
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