quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Diego Maradona

 



ACI Digital

O Papa Francisco, informado da morte de Diego Maradona, "recorda com afeto as ocasiões de encontro dos últimos anos e lembra-o na oração, como o fez nestes dias desde que soube do seu estado de saúde". 

Matteo Bruni, diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, comunica isso aos jornalistas à noite. Vatican Media

Maradona morreu no mesmo dia que Fidel Castro

Amigos por décadas, ídolo argentino e líder da Revolução Cubana faleceram no dia 25 de novembro
O Globo

25/11/2020 - 13:46 / Atualizado em 25/11/2020 - 15:06

Diego Maradona foi um dos grandes amigos de Fidel Castro. E, por coincidência, os dois morreram no mesmo dia: 25 de novembro. O ídolo argentino morreu  nesta quarta-feira, aos 60 anos, depois de uma parada cardíaca. O líder da Revolução Cubana morreu na mesma data, há exatos quatro anos, aos 90. À época, um Maradona muito emocionado disse que Fidel havia sido como um pai para ele: “o único comandante”.

Maradona foi a Cuba pela primeira vez um ano após ganhar a Copa do Mundo de 1986. Fidel, que era fã de beisebol, confessou que tinha sido jogador de futebol na juventude. Ao longo dos anos, tornaram-se amigos próximos, uma devoção que estava marcada por uma tatuagem de Fidel na perna esquerda do craque. Fidel retribuía a admiração chamando a Maradona de “El Che do esporte”.

Em 2000, quando Maradona já havia deixado os gramados e precisou da ajuda de Fidel para se reabilitar do vício das drogas, o então presidente cubano colocou uma clínica inteira à sua disposição. A família e os amigos de Maradona dizem que os dias em Cuba com Fidel foram definitivos para o craque, que se recuperou do vício. “Isto de estar vivo”, escreveu Maradona em sua autobiografia, “tenho de agradecer ao Barbudo (Deus) e… ao Barbudo (Fidel).”

Fidel e Maradona compartilharam suas afinidades revolucionárias e se encontraram várias vezes, algumas delas com a companhia de outros presidentes de esquerda sul-americanos, como Evo Morales, da Bolívia, ou Hugo Chávez, da Venezuela.
Maradona morreu enquanto se recuperava em casa após receber alta hospitalar no último dia 11. Ele foi internado às pressas no início do mês e passou por cirurgia para a retirada de um hematoma subdural na cabeça.

Diego Maradona ergue a taça da Copa do Mundo do México, em 1986, depois vencer a Alemanha Ocidental por 3 a 2. Foi a última vez que a Argentina ganhou o título mundial Foto: Luiz Pinto / Agência O Globo - 29/06/1986Maradona tenta passar pelo volante brasileiro Falcão na derrota de 3 a 1 para o Brasil, no Estádio Sarriá, em Barcelona Foto: Erno Schneider / Agência O Globo - 02/07/1982Diego Maradona reage durante partida de futebol do Grupo D da Copa do Mundo de 2018 da Rússia entre Nigéria e Argentina, no Estádio de São Petersburgo. A seleção latina venceu o jogo por 2 a 1 Foto: OLGA MALTSEVA / 

AFP

Diego Armando Maradona presenteia o compatriota Papa Francisco durante uma reunião com organizadores, jogadores e convidados do jogo inter-religioso "jogo pela paz", no salão Paulo VI, no Vaticano Foto: HANDOUT / AFP - 25/11/2020
Diego Maradona, idolatrado por milhões de argentinos por sua brilhante carreira no futebol – inclusive pela conquista do último mundial do país, no méxico, em 1986 – não teve o mesmo sucesso como técnico da seleção Foto: Enrique Marcarian Diego Armando Maradona beija a mão do craque brasileiro Ronaldinho Gaúcho durante cerimônia de entrega de medalhas de futebol masculino das Olimpíadas de Pequim, em 2008, quando os argentinos conquitaram o ouro na vitória sobre a Nigéria de 1 a 0, gol de Ángel Di María Foto: Daniel Dal Zennaro / Arquivo - 23/08/2008Maradona participou do Jogo das Estrelas reúne, no CFZ, no Recreio, Zona Oeste do Rio Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo - 21/12/2005Maradona, acompanhado do presidente venezuelano Hugo Chávez, participou de ato contra a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) e a presença do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, na IV Cúpula do Américas, em 2005 Foto: Ivan Franco / Arquivo - 04/11/05

O argentino Diego Maradona recebeu outra lenda do futebol, o brasileiro Pelé, no programa semanal "La Noche del Diez" (A Noite do Número 10), transmitido pelo Canal 13, em Buenos Aires Foto: Reuters - 15/08/2005
Campeão mundial de boxe peso-pesado Mike Tyson dos EUA levanta a lenda do futebol argentino Diego Maradona durante o programa semanal de televisão de Maradona 'La noche del 10' (A Noite dos 10), em Buenos Aires Foto: Reuters - 07/11/2005


Diego Armando Maradona cumprimenta seu médico Leopoldo Luque em Olivos, depois de se submeter a uma cirurgia para remover um coágulo de sangue em seu cérebro, no começo de novembro Foto: - / AFP.

Maradona abraça Ronaldinho Gaúcho Foto: Divulgação - 06/06/2005Carregando a Tocha do Centenário, o ex-astro do futebol argentino Diego Maradona entra no estádio do Boca Juniors como parte das comemorações do 100º aniversário do clube em Buenos Aires Foto: Marcos Brindicci / Reuters - 03/04/2005

Diego Armando Maradona cumprimenta ex-presidente Lula durante encontro 


Morreu nesta quarta-feira o ídolo argentino Diego Maradona  aos 60 anos. Duas semanas depois de deixar uma clínica onde passou uma cirurgia devido a uma hemorragia cerebral , o craque teve uma parada respiratória em casa e não resistiu. Maradona estava em sua nova casa, no bairro de San Andrés, no município de Tigre, quando teve o problema médico. Conforme informações iniciais do jornal argentino, o campeão mundial no México de 86 foi levado para um centro médico da região e seria transferido para uma instituição de maior complexidade, porém, acabou morrendo.

Craque da Copa 1986

O momento mais importante da carreira de Maradona ocorreu em 1986, quando ele foi determinante para a conquista da Copa do Mundo daquele ano pela Argentina. Realizado no México, o Mundial serviu para Maradona chegar a ser comparado a Pelé, tamanha a grandiosidade de sua performance.

Naquele Mundial, Maradona fez cinco gols. Todos diferenciados. Num deles, conhecido como "a mão de Deus", utilizou a malícia para enganar o árbitro tunisiano Ali Bennaceur, dando um leve soco na bola ao disputar pelo alto com o goleiro Peter Shilton, nas quartas contra a Inglaterra.

No outro, foi genial, marcando um gol antológico após driblar seis adversários, entre eles o mesmo Shilton desde antes do meio de campo.

Na final, deu um passe preciso para Burruchaga marcar o gol da vitória por 3 a 2 sobre a Alemanha. A atuação de Maradona ganhou nota 10 da revista italiana Guerin Sportivo, na única vez que a publicação deu nota máxima a um jogador.

Início da carreira

Nascido em Lanús, em 30 de outubro de 1960, Maradona, desde os nove anos se destacava nas peladas de rua na periferia de Buenos Aires. Jogava também pela equipe "Los Cebolitas".

Foi apresentado ao treinador, Francis Cornejo, das categorias de base do Argentinos Juniors e encantou pelo repertório de seu futebol, com uma canhota habilidosa, controle de bola e chutes precisos, acima da média para a sua idade.

O treinador teve de convencer os pais de Maradona, Dalma Salvadora Franco, e Diego Maradona, a aceitarem que o menino passasse a treinar no clube.

Depois que ele começou, sua carreira deslanchou de forma rápida, com multidões se acumulando no pequeno estádio (hoje chamado Diego Armando Maradona) para ver a revelação jogar. Maradona tinha outros sete irmãos: Hugo (que também foi jogador), Raúl, Rita, Maria Rosa, Ana Maria e Cláudia.

No time de coração

Atuou entre 1976 e 1981 no Argentinos, tendo marcado 149 gols em 166 jogos. Em 1981 foi emprestado ao Boca, que sempre foi seu clube de coração. Naquele ano ganhou seu único título pelo clube, o do Campeonato Metropolitano, terminando como destaque e artilheiro, com 17 gols.

Àquela altura, já havia sido convocado para a seleção argentina, aos dezessete anos. Mas com 19, defendeu a seleção sub-20 (antes chamada de juniores) e conduziu o time ao título mundial da categoria, na Rússia (então União Soviética), em 1979. Uma grande frustração foi não ter sido convocado pelo técnico Cesar Menotti para a Copa do Mundo de 1978.

Barcelona e Napoli

Em uma escursão do Boca Juniors pela Europa, passou a despertar interesse em clubes do continente, tendo se transferido em 1982 para o Barcelona, onde teve grandes atuações. Mas, por sua personalidade irreverente, permaneceu por menos de dois anos, mesmo tendo conquistado o Espanhol e a Copa do Rei em 1983, além da Supercopa da Espanha em 1984.

Como se fosse algo predestinado, se transferiu para o Napoli, um clube que nunca havia conquistado títulos nacionais, e fez a equipe se tornar a maior da Itália naquele período.

Graças às suas atuações, o Napoli ganhou seu primeiro Campeonato Italiano em 1987, repetindo a dose em 1990. Pelo Napoli, Maradona ainda foi campeão da Copa da Itália, em 1987; da Copa da Uefa, em 1989 e da Supercopa da Itália, em 1990.

Polêmicas

Polêmico, ardoroso defensor de causas da esquerda, ele se desentendeu com dirigentes, como o então presidente da Fifa, Joseph Blatter, a quem cumprimentou com frieza ao receber a premiação pela segunda colocação da Argentina na Copa de 1990. Na ocasião, Maradona estava aos prantos, mostrando toda a devoção que tinha pela camisa de seu país.

Maradona disputou ainda a Copa de 1994, aos 34 anos e, tendo iniciado bem a competição, com um golaço contra a Grécia, acabou sendo suspenso quando foi flagrado em um teste de doping, que teria detectado efedrina, norefedrina, pseudoefedrina, norpseudoefedrina e metaefedrina – estão presentes em descongestionantes nasais - antes do segundo jogo, contra a Nigéria.

Ele jurou nunca ter se dopado e garantiu que foi vítima de uma cilada para arranhar sua imagem e impedir o título argentino.

Maradona permaneceu no Napoli até 1991. Sua saída teve também relação com um certo desgaste ocorrido em função dele ter se irritado na Copa do Mundo na Itália, quando a seleção argentina foi vaiada durante o hino.

Decadência

Do Napoli, se transferiu para o Sevilla, já em um período de decadência futebolística. Ficou na equipe espanhola de 1992 a 1993, tendo participado de um amistoso contra o São Paulo no Morumbi, no qual previu que Cafu, em início de carreira, iria longe no futebol.

Depois do Sevilla, voltou para o futebol argentino, tendo atuado no Newell´s Old Boys entre 1993 e 1994 e depois no Boca Juniors, entre 1995 e 1997, ano em que se despediu com um jogo festivo em La Bombonera.

Maradona treinador

Maradona, depois, se aventurou na carreira de treinador. Fez um bom trabalho comandando a seleção argentina entre 2008 e 2010, tendo dado apoio nos primeiros anos de Messi, considerado seu sucessor, na seleção.

Mas deixou o cargo contrariado, após a eliminação na Copa do Mundo de 2010, nas quartas de final, reclamando do tratamento recebido de dirigentes. Trabalhou ainda como técnico do Textil Mandiyú (1994); Racing (1995); Al Wasl (Emirados Árabes, 2011 e 2012);

Al-Fujairah (Emirados Árabes, 2017 e 2018) e Dorados de Sinaloa, México, em 2018.



Vida pessoal




Maradona ficou casado com Claudia Villafañe, de 1984 a 2003, com quem teve as filhas Dalma e Giannina. Após um período de relutância, ele assumiu a paternidade de Diego Junior, filho de um relacionamento dele com a italiana Cristiana Sinagra, ocorrido quando o craque jogava no Napoli.

Jana é fruto de sua relação com Valeria Sabalain. Diego Fernando é um dos outros filhos, tido em relacionamento com Veronica Ojeda, que durou oito anos. No fim de 2018, Maradona terminou sua relação com Rocio Oliva, cuja duração foi de cerca de seis anos.

E em março de 2019, seu advogado Matías Morla, anunciou que Maradona era pai de outros três filhos em Cuba, onde passou períodos em tratamentos contra o vício em drogas.

Inferno das drogas

Tal dependência foi algo que assolou a fase final da carreira do jogador. O uso de drogas, principalmente cocaína, se iniciou provavelmente durante sua passagem pelo Napoli, quando a idolatria subiu a patamares muito altos e ele teve dificuldades de lidar com sua condição humana.

A decisão de abandonar definitivamente a carreira ocorreu após novo teste ter detectado uso de cocaína. Ele teve de passar por algumas internações e idas ao hospital, muitas delas em função de problemas causados pelo vício.

Naqueles momentos, o povo argentino se mobilizava para rezar por seu ídolo. Desta vez, não houve sucesso. O homem Maradona se foi deste mundo. Mas o mito, ficará para sempre.

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