Chico - Cartas de Paz e Consolação
Ela tinha 96 anos. Ele, 99.
Muitos acharam que fosse uma piada.
Divórcio… nessa idade?
Depois de uma vida inteira lado a lado?
Mas a dor de Antonio não era passageira.
Era uma ferida antiga, aberta por acaso —
com a descoberta de cartas escondidas em uma gaveta,
escritas há mais de meio século…
e que não eram para ele.

Segredos.
Confissões de um passado que Rosa nunca contou.
Eles se conheceram em Nápoles, em 1934.
Tiveram cinco filhos, enfrentaram guerras, crises, invernos e primaveras.
Viram o mundo mudar…
mas dentro daquela casa, havia algo que ficou enterrado no tempo.
Mesmo que aquela aventura de Rosa tenha terminado há mais de 60 anos,
mesmo que hoje ela já fosse outra…
a dor em Antonio foi imediata, como se tivesse acontecido ontem.
Ele não gritou.
Não a humilhou.
Não procurou culpados.
Apenas disse:
“Eu não consigo mais.”
E assim terminou aquela que parecia ser a história de amor mais longa do mundo —
com um silêncio que machucava mais do que qualquer palavra.

Mas ninguém fala do que acontece quando a verdade chega tarde demais.

E há dores que nem o tempo apaga.
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