Um conto-uma crônica
Os filhos crescem, namoram e constituem família. Essa nova fase da vida por que eles passam traz para os seus genitores uma recordação doce de suas próprias vidas e, também, um alento novo à sua existência: os netos.
Estes representam seiva vívida, para acrescer os muitos caminhos já percorridos pelos avós. Por isso, tudo o que eles falam e afirmam é doce canção de graça e sabedoria.
Uma simples frase, um repente sem floreio, espontâneo e sincero, sem as devidas cautelasno dizer, esteja quem estiver presente, constitui algo que os mais velhos gostariam de ter dito, naquela mesma idade, e não o fizeram, por timidez ou até mesmo por receio de chocar os pais.
Eles até se surpreendem, ao ouvirem, com naturalidade, aquelas falas audaciosas dos netos. Aceitam, hoje, o que no passado achavam até difícil pensar ou externar. E, quando permitem que aqueles o façam é porque, quem sabe, se realizam, tardiamente, através desses peraltas!
As fases evolutivas do mundo , na área cibernética, surgiram como um lampejo. Os setores de comunicação colocaram os fatos e notícias aos pés de todas as pessoas. E as crianças e os jovens figuram, também, como partícipes centrais desse multifacetado cenário.
No computador do escritório, do apartamento 1101, sempre juntos estão três figuras: dois netinhos e o avô. Os primeiros cuidam da guerra dinossáurica; o segundo vigia-os, enquanto digita seu próximo livro.
Entendem-se como ninguém. São próximos e amigos. O adulto ajuda-os a encontrarem os programas no computador, quando não sabem! A presença deles leva-o a trabalhar mais. Dá-lhe ânimo rejuvenescedor.
Num desses momentos, o menino mais velho, de 8 anos, diz ao adulto que o menor, de 3 anos, muda, constantemente, os programas e fala muito alto, como se estivesse acompanhando o tom da guerra dinossáurica.
O adulto, para distraí-los, passa a mão na cabeça do menino mais novo e diz-lhe: - Você é louco por este vídeo de dinossauros! Ao que o pequeno replica: - E você, vovô, é louco por novelas!
Os três riem, num mesmo tom. Abraçam-se, efusivamente. Que imagem linda!.
Onélia Queiroga.
Escritora e Professora de Ciências Jurídicasda Faculdade de Direito da UFPB.
Publicada no Jornal Correio da ParaíbaColuna: Aos domingos.Caderno: Cultura/Lazer.Edição de 18/03/2012.
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